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Lei marcial na Coreia do Sul: três comandantes militares são suspensos por envolvimento em operações

Líder da legenda de Yoon Suk-yeol afirmou ter recebido informações de que mandatário ordenou a prisão de políticos e apelou à 'rápida suspensão' do correligionário

Agência o Globo
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Publicado em 6 de dezembro de 2024 às 07h07.

Última atualização em 6 de dezembro de 2024 às 07h47.

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O ministro interino da Defesa sul-coreano, Kim Seon-ho, anunciou nesta sexta-feira, 6, que três comandantes militares envolvidos nas operações decorrentes da decretação da lei marcial pelo presidente Yoon Suk-yeol foram suspensos.

O caso está sendo investigado por uma equipe de 120 policiais, que cuidam da queixa de insurreição apresentada pela oposição contra Yoon e outros altos funcionários, disse a polícia. A denúncia também implica o ex-ministro da Defesa Kim Yong-hyun, que renunciou na quinta-feira e está proibido de deixar o país.

No mesmo discurso, Seon-ho negou que esteja sendo preparada uma segunda lei marcial, depois que diferentes vozes advertiram sobre ações suspeitas do Exército, e disse que, mesmo que a medida fosse proposta, as Forças Armadas não aceitariam "de forma alguma".

Kim, que assumiu provisoriamente o cargo depois que o ministro da Defesa, Kim Yung-hyun, renunciou na quinta-feira, declarou em entrevista coletiva em Seul que "a alegação de que um segundo cenário de lei marcial está sendo preparado, que alguns levantaram esta manhã, é completamente falsa".

O ministro em exercício se pronunciou dessa forma depois de o Centro para os Direitos Humanos do Exército Coreano (CMHRK), uma ONG civil que monitora as atividades das Forças Armadas na Coreia do Sul, ter convocado uma coletiva de imprensa na qual falou de “circunstâncias suspeitas” que indicariam a declaração de uma segunda lei marcial.

A associação, que tem contatos dentro do Exército, afirmou ter conhecimento de que no dia 4 de dezembro, horas depois de o presidente Yoon Suk-yeol ter revogado a lei marcial que tinha convocado horas antes, foi autorizada a concessão de licenças a soldados rasos, enquanto capitães de companhia e oficiais superiores foram avisados ​​de que suas liberações estavam restritas porque poderiam ser convocados com urgência até 8 de dezembro.

A principal legenda de oposição na Coreia do Sul, o liberal Partido Democrático (PD), também fez eco destas declarações hoje.

Porta-vozes da Defesa asseguraram pouco depois que “nenhuma diretriz foi emitida para controlar as permissões e liberações de soldados, incluindo aquelas relacionadas a capitães de companhia e superiores”.

“Mesmo que seja emitida a ordem para impor (novamente) a lei marcial, o Ministério da Defesa Nacional e o Estado-Maior Conjunto (JCS) não a aceitarão de forma alguma”, afirmou veementemente na coletiva de imprensa subsequente o ministro Kim, que ocupa o cargo provisoriamente, já que o indicado por Yoon como novo titular da Defesa, Choi Byun-hyuk, ainda não foi confirmado no cargo.

Kim acrescentou que o ministério cooperará “ativamente” com a Procuradoria-Geral da República e proporá aos promotores militares que investiguem conjuntamente a declaração de lei marcial feita na última terça-feira por Yoon Suk-yeol e que as Forças Armadas trabalharão para proteger a vida dos sul-coreanos.

Primeira lei marcial desde 1987

Foi a primeira declaração de lei marcial na Coreia do Sul em mais de 40 anos e trouxe de volta memórias da ditadura que governou o país até 1987.

O presidente, duramente confrontado com a oposição parlamentar sobre o orçamento do próximo ano, justificou durante seu discurso que a medida estava sendo adotada devido a “ameaças representadas pelas forças comunistas da Coreia do Norte” e pelos “elementos anti-Estado que roubam a liberdade e a felicidade do povo”.

A oposição afirma que Yoon queria “evitar investigações iminentes sobre supostos atos ilegais envolvendo ele e sua família”.

Mais cedo, o chefe do partido governista da Coreia do Sul apelou à “rápida suspensão” do mandatário pela sua tentativa de impor a medida e garantiu que a sua continuação representa um “grande perigo” para o país.

As declarações de Han Dong-hoon, líder do Partido do Poder Popular (PPP) de Yoon, deixam o presidente praticamente isolado diante da votação de uma moção de impeachment marcada para sábado na Assembleia Nacional.

"Tendo em conta os novos fatos, acredito que uma rápida suspensão do presidente Yoon Suk-yeol é necessária para salvaguardar a República da Coreia e o seu povo", disse Han, que um dia antes havia se oposto ao impeachment.

Yoon não tomou nenhuma ação contra os oficiais do Exército que “intervieram ilegalmente” nem reconhece que “sua lei marcial ilegal foi um erro”, segundo o líder governista.

"Por causa disso, se o presidente Yoon continuar a servir como presidente, existe um risco significativo de uma repetição de ações extremas semelhantes à atual situação de emergência, o que colocaria a República da Coreia e os seus cidadãos em grande perigo", argumentou.

O líder do PPP também evocou “indicações críveis” de que Yoon ordenou a prisão de “políticos importantes” durante as horas em que a lei estava em vigor.

Um legislador da oposição, Jo Seung-lae, disse na sexta-feira que imagens de vigilância por vídeo mostram que soldados tentaram deter o líder da oposição Lee Jae-myung, o presidente parlamentar Woo Won-shik e o próprio Han Dong-hoon.

A Presidência negou ter ordenado a prisão ou detenção de deputados, segundo a agência de notícias Yonhap.

O Parlamento sul-coreano deve votar amanhã, ou mais tardar no sábado, uma moção para destituir Yoon, e a expectativa é que o impeachment seja aprovado, uma vez que o líder da própria legenda do presidente, o conservador Partido do Poder Popular (PPP), pediu hoje que o governante seja suspenso o mais rápido possível.

O PPP aceitou hoje como verdadeiras as alegações de que durante a lei marcial Yoon ordenou a prisão das principais figuras políticas do país, incluindo o líder do seu próprio partido, Han Dong-hoon.

Yoon não aparece publicamente desde que anunciou na manhã de quarta-feira que estava revogando a medida de emergência que havia declarado seis horas antes.

 

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