Usuário acessando um site através de internet móvel em um tablet (Marcos Santos/USP Imagens)
EFE
Publicado em 16 de fevereiro de 2017 às 10h48.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2017 às 10h49.
Paris - Os deputados franceses aprovaram nesta quinta-feira de forma definitiva a lei que proíbe a existência de páginas de internet que oferecem informações falsas sobre o aborto, uma determinação muito criticada pela oposição conservadora, pelos movimentos pró-vida e pela Igreja Católica.
A nova lei estende o crime de obstrução ao aborto às páginas que publicam informações parciais ou errôneas sobre o ato. Elas poderão ser multadas em 30 mil euros (mais de R$ 97 mil) e os donos pegarem pena de até dois anos de prisão.
Na mira dos socialistas, que promovem a lei, está uma série de sites pertencentes a associações contrárias ao aborto e que, fingindo oferecer informações verdadeiras, tentam, na realidade, convencer a pessoa a não praticá-lo.
A ministra da Família e do Direito das Mulheres, Laurence Rossignol, acusou os portais de oferecerem "informações falsas" para conduzir às mulheres a "uma espécie de túnel que as leva a duvidar de sua decisão".
O site mais conhecido desse tipo, o "ivg.net", garante em sua página principal que o aborto "envolve riscos médicos e psicológicos", e reúne depoimento de mulheres contrárias a essa prática. Outros sites dizem que gera risco de morte para a mãe e mostram imagens de fetos.
Para a oposição conservadora do país e para os grupos contrários ao aborto, o projeto legislativo representa um impedimento à liberdade de expressão, já que diminuem a margem de manobra que pretende atrair mulheres para soluções alternativas.
A Igreja Católica, através da Conferência Episcopal, também se opôs à lei que, em sua opinião, constitui "um precedente grave de limitação da liberdade de expressão na internet" e "um atentado muito grave aos princípios democráticos".
Desde a chegada dos socialistas ao poder, em 2012, foram várias as reformas nesse tema, a primeira para eliminar a noção de "angústia", que era necessária para que uma mulher pudesse escolher pelo aborto em determinados casos.
Posteriormente, foi suprimido o período obrigatório de reflexão que elas precisavam passar entre o momento em que entravam com o pedido e a intervenção propriamente dita, o reembolso por parte da Seguridade Social da totalidade das despesas derivados do aborto passou a ser assegurado.