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Legistas ainda lutam para identificar vítimas do 11 de Setembro

Mais de 40% das pessoas que morreram no ataques não tiveram seus corpos encontrados

A dra. Mechthild Prinz mostra restos das vítimas do 11 de Setembro ainda não identificadas (Scott Gries/AFP)

A dra. Mechthild Prinz mostra restos das vítimas do 11 de Setembro ainda não identificadas (Scott Gries/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2011 às 08h10.

Nova York - No centro de Manhattan, um grupo de médicos-legistas luta para identificar as vítimas dos atentados de 11 de setembro, uma tarefa dificultada pelo fato de não haver qualquer sinal de 41% das pessoas mortas na destruição das Torres Gêmeas.

"Não há uma obrigação legal, porque todas as famílias que solicitaram receberam um atestado de óbito dos parentes, mesmo dos desaparecidos. Mas os médicos que trabalham no caso estão envolvidos numa decisão de ordem ético-moral", explicou à AFP Mechthild Prinz, diretora do Departamento de Biologia Forense, que funciona no prédio moderno do Departamento de Saúde e Higiene Mental da cidade de Nova York.

Até o momento, e como parte de um trabalho apenas interrompido durante alguns meses, em 2005, os legistas identificaram 1.628 das 2.753 vítimas dos ataques de setembro de 2001 em Nova York, o que representa um percentual de 59%.

Se o processo foi rápido e relativamente simples no início - com o recurso a métodos tradicionais como impressões digitais, radiografias dentárias e até fotografias-, foi-se tornando cada vez mais árduo com o passar do tempo e 1.125 vítimas ainda não foram identificadas.

"Recolhemos um total de 21.817 restos, pelo que obviamente pode-se imaginar que os corpos de muitas pessoas ficaram muito fragmentados", precisou Prinz, uma bióloga alemã de 53 anos que trabalha desde 1995 no departamento de medicina legal de Nova York.

Dez anos depois dos ataques, cinco médicos-legistas ainda tentam identificar 6.314 partes de ossos encontrados na zona do World Trade Center.

A tarefa é tão delicada que as salas utilizadas para esse fim não são acessíveis, mesmo à imprensa, para evitar riscos de contaminação.

No nosso caso, depois de obervar o trabalho de um médico-legista através do vidro da porta, o jornalista e o fotógrafo foram conduzidos a uma grande sala, usando luvas, para observar o funcionamento de um robô, encarregado de tirar amostras de DNA para serem comparadas com as fornecidas por presentes, no banco genético de familiares das vítimas.

"Lembro-me de um pequeno fragmento de osso do tamanho de uma moeda, encontrado no telhado do prédio do Deutsche Bank (vizinho ao World Trade Center). A partir daí, fomos capazes de identificar uma pessoa que trabalhava nas Torres Gêmeas", contou à AFP o dr. Taylor Dickerson III, supervisor do grupo de legistas.

Na maioria dos casos, no entanto, os novos fragmentos estudados correspondem ao DNA de pessoas já identificadas, explicou.

Assim, desde 2006 "só" foi possível identificar 31 pessoas, número que se reduziu a apenas duas, nos últimos dois anos. A identificação mais recente ocorreu em maio passado, segundo dados oficiais.

Também há casos nos quais o DNA encontrado não pode ser atribuído a nenhuma pessoa na lista oficial de vítimas, seja porque nem todas as famílias entregaram amostras, ou porque talvez a pessoa em questão fosse "um imigrante ilegal" ou um "sem-teto" que estava por perto, no momento das explosões, comentou Prinz.

De qualquer forma, no entender de Prinz, o trabalho silencioso e muitas vezes infrutífero realizado pela equipe realmente "vale a pena", pelo menos para levar um pouco de conforto às famílias das vítimas identificadas.

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