Le Pen: a líder de extrema direita perdeu forças nas pesquisas, sobre as eleições na França (Regis Duvignau/Reuters)
AFP
Publicado em 19 de abril de 2017 às 17h47.
A líder de extrema direita Marine Le Pen, que perde força nas pesquisas, reforçou seu discurso sobre imigração e segurança na reta final da campanha presidencial francesa.
Le Pen, que alcançou em novembro cerca de 30% das intenções de voto para o primeiro turno das presidenciais de domingo (23) na França, perdeu o gás nas últimas semanas. Atualmente, as pesquisas mostram que ela está com cerca de 22% dos sufrágios.
As mesmas pesquisas preveem que seu principal rival, o centrista Emmanuel Macron, a superaria no primeiro turno, e que o conservador François Fillon e o esquerdista Jean-Luc Mélenchon ficariam muito próximos.
Neste contexto de incerteza sobre quais candidatos disputarão o segundo turno de 7 de maio, a líder ultradireitista apostou por centralizar seu discurso em seus temas favoritos: a imigração e a segurança, multiplicando os anúncios sobre as medidas que aplicará se chegar ao poder.
Em uma entrevista à emissora BFM, Le Pen expôs mais uma vez suas promessas, incluindo sua intenção de tirar a França da União Europeia (UE), frear a imigração legal e ilegal, e retirar a nacionalidade francesa de pessoas condenadas por atos terroristas.
"Os franceses têm a sensação de terem sido despojados de sua identidade, de sua soberania", sustentou nesta quarta-feira a líder do Frente Nacional (FN), que considera que para muitos franceses a "imigração em massa é uma opressão".
Sua ofensiva sobre a imigração e a segurança lhe permitem também que evite falar sobre a saída da zona do euro, uma promessa de campanha que continua causando medo entre a maioria dos eleitores - 72%, segundo uma pesquisa.
"Desde seu comício de segunda-feira à noite, Le Pen se reorientou para os seus temas fundamentais, em particular a imigração [...] porque os eleitores do FN estão muito mais divididos sobre a saída [da zona] do euro", disse à AFP Jean-Yves Camus, especialista em extrema direita.
Na segunda-feira, durante um comício no teatro Zénith de Paris, diante de 5.000 pessoas que aplaudiam e cantavam "França para os franceses!", Le Pen prometeu que se for eleita irá decretar, no dia seguinte, uma "moratória" à imigração legal para "deter" uma situação que considera ser "incontrolável".
Esta medida provisória, que excluirá os estudantes, "nos permitirá traçar um ponto sobre a situação, antes de criar novas regras mais drásticas", apontou esta advogada de 48 anos, que quer limitar a entrada anual de imigrantes para 10.000 pessoas.
"Comigo no poder não teria existido um Mohammed Merah", afirmou Le Pen em referência ao autoproclamado "combatente da Al-Qaeda" que matou em 2012 três militantes, três crianças e um professor judeu. "Comigo não teriam existido os terroristas migrantes do Bataclan nem do Stade de France", acrescentou.
Estas declarações causaram indignação em parte da população. O jornal Le Monde as qualificou de "absurdas". "Não se pode buscar votos às custas dos mortos, é uma linha vermelha", assinalou em um editorial.
Este tema, no entanto, não fica indiferente em um país golpeado por uma série de ataques islamistas nos últimos dois anos, que deixaram 238 mortos, e no qual a ameaça terrorista continua sendo elevada.
Na terça-feira, o tema da segurança foi o ponto central da campanha eleitoral, após a prisão de dois homens suspeitos de preparar um atentado "iminente".
Os dois suspeitos, detidos com explosivos, armas e uma bandeira do grupo Estado Islâmico (EI), estavam sendo interrogados em Marselha, a grande cidade do sudeste da França, onde Marine Le Pen fará um comício nesta quarta-feira em meio a estritas medidas de segurança.
"As medidas que quero colocar em prática significarão que muitas destas pessoas [agressores] não estarão em nosso território vivendo livremente", assinalou a candidata.