Homenagens a Diana: os jovens já não lembram de seu legado, escancarando o choque de gerações que levou ao Brexit (Hannah McKay/Reuters)
EXAME Hoje
Publicado em 31 de agosto de 2017 às 06h21.
Última atualização em 31 de agosto de 2017 às 14h20.
Representantes de Reino Unido e União Europeia encerram nesta quinta-feira a terceira rodada de negociações sobre o Brexit, o referendo que em junho do ano passado aprovou a saída dos britânicos do bloco europeu. As conversas, que começaram em junho com o partido Conservador, da primeira-ministra britânica Teresa May, enfraquecido por eleições que depuseram parte de seus representantes no Parlamento, estão tensas.
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Na terça-feira, o negociador-chefe da Europa, Michael Barnier, disse que leu com “muito cuidado” a posição do governo britânico — enviada na reunião de julho —, mas que está preocupado com o progresso nas discussões. Em uma coletiva de imprensa ao lado do representante do Reino Unido, David Davis, ele disse que é hora de os países começarem a “negociar de maneira séria” e que espera que os britânicos sejam claros nos termos de quão preparados estão para arcar com uma multa por deixar o bloco econômico. Segundo uma estimativa do jornal Financial Times, o valor deve ficar entre 55 e 75 bilhões de euros.
O assunto da vez é a delicada posição da Irlanda na equação. O país será o único membro da Europa que fará fronteira física com o Reino Unido e os negociadores europeus querem saber se os tratados de viagem para a Irlanda serão mantidos. Com a Irlanda do Norte ainda parte do Reino Unido, a União Europeia advertiu os britânicos a não usar a paz na região como uma barganha para sanções e multas mais moderadas. A situação se complica ainda mais na medida que Escócia e Irlanda do Norte clamam por uma saída que traga a possibilidade de comércio com a Europa, uma pauta também encampada pela oposição do partido Trabalhista.
Enquanto as conversas em Bruxelas seguem tensas, o britânico médio dá cada vez menos importância para tanto imbróglio. Nesta quinta-feira, por exemplo, o grande tema na ilha é outro: os 20 anos da morte da Princesa Diana. A memória da princesa ressoa de maneira diferente na população: segundo uma pesquisa feita pelo instituto YouGov, as pessoas acima de 50 anos lembram de Lady Di como a “Princesa do Povo”. Entre aqueles com 18 e 24 anos, ela é lembrada como alguém famosa que morreu em um acidente trágico.
Há de fato um descompasso geracional no Reino Unido que, ultimamente, ficou explícito no Brexit: entre os mais jovens, 75% votou pela permanência no bloco europeu; entre os mais velhos, apenas 39% quis ficar. De maneira estranha e não correlata, é a mesma população que lembra de maneira distinta da princesa. Em 20 anos, o Reino Unido mudou muito. A memória de Lady Di vem para relembrar isso.