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Laços entre Iraque e EUA se manterão fortes apesar de saída das tropas

Analistas destacam que país árabe vai depender dos americanos, principalmente nos setores de petróleo e de armas

Soldado americano no Iraque: após saída dos militares, EUA terão a maior embaixada do mundo no país (Warrick Page/Getty Images)

Soldado americano no Iraque: após saída dos militares, EUA terão a maior embaixada do mundo no país (Warrick Page/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2011 às 17h31.

Bagdá - Os laços entre Iraque e Estados Unidos continuarão fortes depois da retirada das forças americanas, mesmo com algumas potências regionais, sobretudo o Irã, aumentando sua influência, estimam os analistas.

As tropas americanas, com exceção de alguns instrutores, partirão no fim de dezembro, mas a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá se transformará na maior do mundo, com 16 mil pessoas.

Segundo Ali al Saffar, especialista em Iraque do Economist Intelligence Unit de Londres, os países continuarão "muito ligados, como é o caso dos Estados Unidos e a maioria doa países da região".

"Os iraquianos compreendem que precisam das empresas americanas e que haverá provavelmente importantes relações comerciais, sobretudo no setor petrolífero e para os contratos de armamento", detalha.

O Escritório de Cooperação para a Segurança no Iraque contará com 157 militares e 763 civis que treinarão as forças iraquianas sobre o uso de materiais americanos comprados.

"Com a retirada militar, os Estados Unidos, certamente, terão menos influência, mas acredito que as autoridades iraquianas estão melhor preparadas que antes para manter seu rumo, tanto no que diz respeito aos americanos como aos países da região", garante Saffar. "Haverá sempre, contudo, tentativas da Arábia Saudita ou do Irã, sobretudo, de influenciar nas decisões do Iraque. Cada país tentará aumentar sua influência. O Iraque é um grande prêmio na região e que puser a mão nele, ganhará muito", observa o especialista. "Mas não podemos ignorar a forte identidade iraquiana e o fato de que sempre existirá uma forte resistência da população na ingerência de potências regionais, quando se trata do Irã, Arábia Saudita ou Turquia", explica.

A menos que a guerra entre xiitas e sunitas recomece, como aconteceu em 2006 e 2007, "isso


abrirá um amplo espaço para a interferência das potências regionais, principalmente Arábia Saudita e Irã", segundo ele.

Joost Hiltermann, diretor adjunto para o Oriente Médio e o Norte da África do International Crisis Group considera que os laços continuarão sendo fortes "no futuro imediato", com a compra de materiais militares americanos por parte do Iraque, a participação "durante certo tempo" dos Estados Unidos na formação da polícia iraquiana e outros aspectos da cooperação bilateral.

"O mais importante é que o Iraque considerará os Estados Unidos como um parceiro e não mais como um ocupante e insistirá para que haja cláusulas vantajosas, ainda mais enquanto Washington necessitar do Iraque para enfrentar o Irã", destaca Hiltermann.

Para ele, "Turquia e Irã são os principais competidores regionais. O primeiro investe enormemente no país e o segundo fortalece suas relações de segurança e estimula o comércio e o turismo (religioso xiita) transfronteiriços. Há espaço para os dois".

John Drake, analista da AKE, uma empresa de segurança com sede na Grã-Bretanha, é mais cauteloso. "As relações do Iraque com seus vizinhos vão mudar. E se o Iraque se alinhar com países opostos à influência americana na região, como o Irã, isso pode ter um impacto sobre as relações com os Estados Unidos".

Segundo ele, "o vazio deixado pela retirada americana será preenchido por muitos atores, desde as empresas privadas da Europa e da Ásia que têm seus próprios objetivos comerciais até outros Estados", acrescentou Drake.

"Os vizinhos tentarão intervir para evitar que o país se transforme em uma ameaça potencial para eles. Existe um temor de que o jogo de influências repercuta sobre o país, através do financiamento de alguns grupos iraquianos (milícias armadas), o que poderia criar um conflito por procuração" no Iraque, disse.

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