Cristina Kirchner: mais uma líder da América Latina que sofre de câncer (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 28 de dezembro de 2011 às 14h39.
Bogotá - Cristina Kirchner foi incluída em uma longa lista mundial de governantes que sofreram câncer e outra de presidentes argentinos que precisaram ser operados enquanto exerciam o cargo, na qual está a maioria dos eleitos desde 1983.
A crença popular de que o poder desgasta quem o exerce parece ser mais correta no caso da Argentina. Carlos Menem, Fernando de la Rúa e Néstor Kirchner, de quem Cristina enviuvou em 2010, tiveram que passar pela sala de cirurgia quando ainda eram presidentes.
Segundo foi anunciado oficialmente na terça-feira, a chefe de Estado, com 58 anos e no cargo desde 2007, será operada no dia 4 de janeiro em um hospital privado a cerca de 60 quilômetros de Buenos Aires de um carcinoma papilar de tireoide, uma intervenção que os especialistas consideram relativamente simples.
Sem contar a sequência de presidentes que assumiram por um curto período depois que a Argentina sofreu uma grave crise no final de 2001, somente Raúl Alfonsín e Eduardo Duhalde não fizeram cirurgias enquanto eram líderes.
Cristina, que chorou ao saber que seu colega venezuelano, Hugo Chávez, tinha um câncer, conforme disse no início de dezembro em uma cúpula em Caracas, poderá se recuperar plenamente e continuar sua vida normal depois da operação, segundo dizem os médicos.
Chávez, com seu humor peculiar, brincou nesta mesma reunião em Caracas que organizaria uma cúpula de líderes que superaram o câncer. Além do líder Venezuelano e de Cristina, Fernando Lugo, presidente do Paraguai, e Dilma Rousseff, do Brasil, também sofreram da doença, nos dois casos no sistema linfático.
O antecessor de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, também sofre de um câncer de laringe e está em tratamento desde novembro.
Fidel Castro, líder da revolução cubana, teve que se retirar do poder em julho de 2006 por uma grave doença que acredita-se ser cancerígena.
O mistério também ronda o câncer de Chávez, que foi diagnosticado em junho em Cuba, onde fez grande parte do tratamento. É conhecido apenas que o tumor é na região pélvica.
'Lula me disse esta manhã: 'Chávez, dentro de pouco vamos fazer a cúpula dos que venceram o câncer', e eu lhe disse: 'bom, coloque uma data, coloque uma data para fazermos em breve'', comentou o chefe de Estado venezuelano, que afirma já estar curado, em meados deste mês depois de falar com o ex-presidente brasileiro.
A ideia da Cúpula já tinha sido mencionada por Chávez alguns dias antes, quando nem se suspeitava do que a Presidência Argentina anunciaria nesta terça-feira.
Entretanto, Cristina Kirchner também teve vários problemas de saúde anteriormente. Em junho, ela não pôde participar de uma Cúpula do Mercosul em Assunção por recomendação de seus médicos em razão de uma queda que sofreu durante um ato público.
Em maio, o então chefe de seu gabinete, Aníbal Fernández, assegurou que a saúde da presidente estava 'muito bem', depois que foram levantados rumores por causa da suspensão de outra viagem que estava prevista para Assunção.
No início de 2009, a presidente teve que cancelar seus compromissos públicos e adiar visitas a Cuba e Venezuela após sofrer um quadro de desmaios por desidratação.
Em 2010, após publicação de um dos milhares de documentos pelo Wikileaks, foi conhecido que o Departamento de Estado dos Estados Unidos tinha perguntado um ano antes a sua embaixada em Buenos Aires se a presidente argentina tomava 'alguma medicação' e como dividia o trabalho com Néstor Kirchner.
A pergunta fazia parte de um 'perfil' de Cristina solicitado à embaixada e organizado sob as epígrafes de 'estado mental e saúde', 'sua visão política' e 'sua forma de trabalho'.
'Toma alguma medicação? Em que circunstâncias controla melhor o estresse? Como as emoções afetam seu processo de tomada de decisões e como baixa a tensão quando está angustiada?', eram outras das questões formuladas.
Além da perda de seu companheiro na vida e na política, Cristina teve nos últimos tempos outro motivo de dor. A namorada de seu filho Máximo, Rocío García, perdeu em 2011 o filho que esperava e que ia ser o primeiro neto da presidente, segundo ela mesma anunciou orgulhosamente no Twitter.
Kirchner, que ainda guarda luto por seu marido e está muito acolhida por seu filho Máximo e sua filha Florença, foi reeleita em outubro para um segundo mandato com 54% dos votos e assumiu em 10 de dezembro.