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Kim Jong Un chega a Hanói para segunda reunião com Donald Trump

Analistas consideram que a segunda reunião entre Kim e Trump deve resultar em medidas mais concretas sobre o desmantelamento do arsenal de Pyongyang

Líder norte coreano, Kim Jong Un (Damir Sagolj/Reuters)

Líder norte coreano, Kim Jong Un (Damir Sagolj/Reuters)

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AFP

Publicado em 26 de fevereiro de 2019 às 06h28.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2019 às 06h30.

O líder norte-coreano, Kim Jong Un, chegou nesta terça-feira a Hanói, sob fortes medidas de segurança, onde uma multidão entusiasmada o recebeu antes da segunda reunião de cúpula com Donald Trump, da qual se espera que os dois busquem avanços a respeito da vaga declaração assinada no encontro anterior.

Após o histórico encontro de junho do ano passado em Singapura com o presidente americano, que terminou com um simples comunicado sobre a desnuclearização, analistas consideram que a segunda reunião deve resultar em medidas mais concretas sobre o desmantelamento do arsenal de Pyongyang.

A normalmente tranquila estação vietnamita de Dong Dang, na fronteira com a China, se preparou para a chegada de Kim após um périplo de 4.000 km a bordo de um trem blindado cor verde oliva que partiu de Pyongyang. Trata-se da primeira viagem de um dirigente norte-coreano ao Vietnã desde a de seu avô, Kim Il Song, em 1964.

Uma guarda de honra militar recepcionou Kim, que caminhou por um tapete vermelho ao lado de auxiliares e seguranças.

Vários estudantes agitando bandeiras norte-coreanas aguardavam o número um do regime na entrada da estação. Vestido com seu traje tradicional ao estilo Mao, Kim saudou a multidão, antes de subir em um veículo e partir em comboio para Hanói.

O presidente americano, que optou por uma via convencional, ao viajar a Hanói com seu Air Force One, aterrissará na capital vietnamita na tarde de terça-feira.

Donald Trump quis se mostrar otimista com relação a este encontro, assegurando na segunda-feira no Twitter que espera com impaciência "uma cúpula muito produtiva".

Sobre o encontro foram divulgados pouco detalhes. Os dois dirigentes vão jantar juntos na noite de quarta-feira, acompanhados de alguns de seus conselheiros, indicou à imprensa a bordo do Air Force One a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.

Definir a "desnuclearização"

Kim e Trump participaram em uma reunião no ano passado em Singapura, que terminou com uma vaga declaração sobre os esforços de Pyongyang para avançar para o desarmamento nuclear, mas sem prazos ou metas claros.

A falta de avanços desde então provocou ceticismo entre muitos analistas.

Stephen Biegun, emissários dos Estados Unidos para a Coreia do Norte, reconheceu recentemente que Washington e Pyongyang não chegaram a um acordo sobre o significado da desnuclearização.

O governo dos Estados Unidos pediu em várias ocasiões um desarmamento nuclear completo, verificável e irreversível da Coreia do Norte.

Mas para Pyongyang, o desmonte de seu programa nuclear deve ser acompanhado pela suspensão das sanções internacionais contra o regime.

No entanto, durante uma cerimônia realizada no domingo na Casa Branca, Trump parecia interessado em reduzir as expectativas de um acordo global.

"As sanções continuam, tudo continua como está, mas temos um sentimento especial e acho que isso levará a algo bom. Mas talvez não", disse ele.

E repetiu que não tem pressa em convencer o Norte a renunciar ao arsenal nuclear, enquanto o país continuar sem testar mísseis.

"Não quero apressar ninguém", disse.

No Congresso, no entanto, as pressões aumentam constantemente para que o chefe da Casa Branca adote uma postura mais firme.

O influente senador Marco Rubio, por exemplo pediu que Washington "maximize" as pressões sobre Pyongyang.

"Os negociadores americanos devem pressionar por um acordo forte que desmantele completamente, de forma verificável e irreversível, os programas nucleares e de mísseis da Coreia do Norte", disse ele em um comunicado divulgado logo após o avião de Trump decolar para o Vietnã.

A Coreia do Norte assegura que já fez gestos na direção da desnuclearização, como o congelamento dos teste de mísseis ou bombas nucleares durante mais de um ano, além da destruição dos acessos às instalações onde realizava testes nucleares.

Declarar o fim do conflito?

Segundo Harry Kazianis, do grupo conservador Center for the National Interest, as duas partes deveriam realizar "ao menos um passo à frente na direção da desnuclearização", porque "nada seria pior para ambos que sair de reunião tendo perdido tempo".

"Trump vai focar num discurso segundo o qual obteve a paz, ao invés de pressionar Kim para a desnuclearização", prevê Scott Seaman, analista do Eurasia Group.

Para Kim Yong-hyun, da Universidade Dongguk, o melhor resultado seria que os dois líderes definissem um roteiro para a desnuclearização.

Washington poderia prometer segurança na forma de uma declaração oficial sobre o fim da Guerra da Coreia (1950-53), que terminou com um armistício e não com um tratado de paz.

A presidência sul-coreana considerou como confiável essa possibilidade.

"Acredito que existe uma possibilidade real", disse seu porta-voz, Kim Eui-kyeom.

A Coreia do Norte, que conduz há anos reformas para aliviar um pouco o peso do Estado, poderia estar interessada no modelo econômico do Vietnã, país comunista onde o governo mantém o controle total do poder, mas se beneficia da economia de mercado.

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