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Kim e Moon, o herdeiro nascido para reinar e o filho de refugiados

Os líderes percorreram caminhos diametralmente opostos até chegar ao poder, mas ambos celebraram nesta sexta-feira uma reunião histórica

Kim e Moon: os líderes assinaram um acordo de desnuclearização da península coreana (Korea Summit Press Pool/Reuters)

Kim e Moon: os líderes assinaram um acordo de desnuclearização da península coreana (Korea Summit Press Pool/Reuters)

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AFP

Publicado em 27 de abril de 2018 às 09h48.

O líder norte-coreano, Kim Jong Un, e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, percorreram caminhos diametralmente opostos até chegar ao poder, mas ambos celebraram nesta sexta-feira uma reunião de cúpula histórica na Zona Desmilitarizada (DMZ) que divide a península.

Os pais de Moon nasceram em uma pequena localidade da região de Hungnam, na atual Coreia do Norte Norte. Seu pai, Moon Yong-hyung, estudou em uma escola de elite antes de trabalhar como funcionário público.

No fim de 1950, em plena guerra da Coreia, Hungnam estava sitiada pelas forças de Kim Il Sung. A família Moon estava entre os 100.000 civis que fugiram do Norte como parte da "Evacuação de Hungnam", uma das mais importantes operações americanas de resgate de civis.

Moon Jae-in nasceu em um campo de refugiados de Geoje, na atual Coreia do Sul. Seu pai, um intelectual com pouca habilidade para os negócios, fez uma grande dívida e caiu em depressão.

"Quando abria um pequeno negócio, ele fazia isto em locais onde todos diziam que não daria certo. Era assim o tempo todo", escreveu Moon em sua autobiografia.

A família sobrevivia graças à ajuda alimentar de freiras católicas, a religião que Moon segue. Com pequenos trabalhos, sua mãe, Kang Han-ok, se tornou a base de sustento da família. O futuro presidente a acompanha com frequência com um carrinho de carvão para venda.

Sobre o pai, falecido em 1958, Moon escreveu: "Sofreu toda sua vida, pobreza e como refugiado. Esperava tanto de mim, mas morreu sem ver o meu sucesso".

O sul-coreano herdou a capacidade intelectual e sua predileção por questões sociais. Durante a ditadura de Park Chung-hee, se tornou advogado e defensor dos direitos humanos. Em 2003 foi nomeado conselheiro do presidente de esquerda Roh Moo-hyun.

Em 2007 participou na última reunião intercoreana de Pyongyang, como chefe de gabinete do presidente.

Em 2012 foi derrotado na eleição presidencial pela filha de Park Park Chung-hee, Park Geun-hye, a quem sucedeu após sua destituição em 2017.

Luxo e anonimato

De acordo com as biografias oficiais, o pai de Kim Jong Un, Kim Jong Il, nasceu em 1942 em um campo da guerrilha antijaponesa do monte Paektu, um local sagrado para os norte-coreanos.

Mas tanto os especialistas independentes como os arquivos soviéticos consideram que nasceu um ano antes em uma localidade da Sibéria, onde seu pai, o fundador da Coreia do Norte, Kim Il Sung, vivia no exílio.

Os primeiros anos de vida de Kim Jong Un também são um mistério e não se conhece sua data de nascimento.

Mas é possível saber que cresceu na opulência.

Sua mãe era a terceira esposa de Kim Jong Il, Ko Yong Hui, uma japonesa de origem coreana.

Kim estudou na Suíça. De acordo com a imprensa, tanto seus colegas de escola como os funcionários do local não sabiam quem ele era e recordam de um aluno tímido, que gostava de esqui, Jean-Claude Van Damme e basquete.

Várias fontes acreditam que ele tem 35 anos e que teria sido informado que herdaria o poder aos oito anos, quando recebeu um uniforme de general.

Suas primeiras aparições em público aconteceram em 2008, depois que seu pais sofreu um AVC.

Quando herdou o poder, em 2011, era considerado instável, vulnerável e suscetível a manipulações.

Mas não demorou a demonstrar sua autoridade, com a execução por traição de seu influente tio Jang Song Thaek, em 2013. E no ano passado, seu meio-irmão Kim Jong Nam foi assassinado em Kuala Lumpur. Um crime em que analistas apontam a mão de Pyongyang.

Com seu penteado, roupas e forma de falar, Kim adotou o estilo do avô, Kim Il Sung, uma figura venerada no país.

Ele comandou a fulgurante aceleração dos programas balístico e nuclear de seu país.

Mas a nível internacional, pode ser considerado um novato. Até sua viagem surpresa a Pequim no mês passado, a personalidade estrangeira mais importante com a qual havia se encontrado era Dennis Rodman, ex-jogador americano de basquete.

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