Jamal Khashoggi: jornalista saudita entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul em outubro de 2018 e não foi visto mais (Huseyin Aldemir/Reuters)
EFE
Publicado em 1 de fevereiro de 2019 às 09h26.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2019 às 09h26.
Ancara - Yassin Aktay, um alto funcionário do governante partido turco AKP, afirmou nesta sexta-feira que a relatora da ONU que investiga o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi também considera como principal suspeito o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman.
"Como para todo mundo, Mohammed bin Salman é o suspeito número um", disse Aktay ao ser questionado se Agnes Callamard, a relatora sobre execuções extrajudiciais da ONU que investiga o assassinato, tem um suspeito, informou a emissora "CNNTürk".
Aktay fez estas declarações depois de se reunir hoje em Ancara com Callamard, dentro da série de reuniões que a especialista da ONU está realizando na Turquia.
Aktay, que é assessor do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, indicou que Callamard escutará as gravações feitas no consulado saudita em Istambul, onde o jornalista foi assassinado em 2 de outubro.
Callamard declarou ontem aos veículos de imprensa que estava decepcionada por não ter recebido toda a informação que solicitou e acredita que as autoridades "cumpram com suas promessas" e facilitem dados sobre a investigação policial, cita a emissora "NTV".
Quanto ao mais, afirmou estar satisfeita com o curso da investigação até agora.
A investigadora chegou na segunda-feira a Ancara, onde se reuniu com vários membros do Governo turco e na terça-feira se deslocou a Istambul, mas não pôde entrar no consulado saudita onde aconteceu o crime.
Desde que chegou à Turquia, a relatora da ONU e sua equipe se reuniram com os ministros turcos de Justiça e das Relações Exteriores, com o promotor que cuida do caso, com jornalistas, com membros de ONG e com a noiva de Khashoggi.
Em declarações ao jornal turco "Hürriyet Daily News", a relatora explicou nesta semana que tinha lançado esta investigação por iniciativa própria e que atualmente não há sinais de que a ONU ou os Estados-membros demandem de forma oficial uma investigação.
Também afirmou que os membros da ONU debaterão de alguma maneira as conclusões da sua investigação, mas esclareceu que não sabe se usarão suas recomendações para realizar algum tipo de ação.
Tudo dependerá, disse, de vários fatores entre eles a vontade dos países de levar o tema para frente.
A relatora deve deixar a Turquia no domingo.