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Em entrevista, noiva de Khashoggi questiona investigação dos EUA

De acordo com a noiva, Khashoggi temia ter problemas durante sua visita no consulado em Istambul, apesar de achar que a questão seria resolvida rapidamente

Khashoggi: Ele foi bem tratado em sua primeira visita ao consulado, em 28 de setembro, afirmou a noiva (Reuters TV/Reuters)

Khashoggi: Ele foi bem tratado em sua primeira visita ao consulado, em 28 de setembro, afirmou a noiva (Reuters TV/Reuters)

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Reuters

Publicado em 26 de outubro de 2018 às 13h18.

Última atualização em 26 de outubro de 2018 às 14h35.

São Paulo - A noiva do jornalista saudita assassinado Jamal Khashoggi, Hatice Cengiz, afirmou nesta sexta-feira ter dúvidas sobre a sinceridade do governo dos Estados Unidos sobre a investigação do assassinato de seu noivo, o jornalista Jamal Khashoggi, no último dia 2 no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia.

"Não sei até que ponto o governo americano é sincero (em relação à investigação) ou até que ponto atuam sob a influência da imprensa e da opinião pública", afirmou ela em entrevista à emissora "Haberturk TV".

A pesquisadora, que foi quem avisou a Polícia turca que o noivou não saía do consulado saudita, onde tinha ido pegar documentos para o casamento, afirmou que recebeu do presidente americano, Donald Trump, um convite para visitá-lo.

Na entrevista, ela disse que só aceitará a oferta se Trump estiver disposto a fazer uma "contribuição genuína" para a investigação do assassinato de seu noivo.

Hatice, que é cidadã turca, também explicou que o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, a chamou para mostrar que o país está acompanhando o caso.

"Suas declarações foram muito políticas. Falou das saudações de Trump e me disse que estavam muito tristes", explicou.

Hatice, que está sob proteção policial em Istambul, afirmou que não foi ameaçada e que nenhuma autoridade saudita entrou em contato com ela.

Consulado saudita na Turquia

Hatice Cengiz afirmou que o jornalista supôs que as autoridades sauditas não lhe criariam problemas ou o prenderiam na Turquia, embora temesse que surgissem tensões quando visitasse o consulado em Istambul.

Em uma entrevista à emissora turca Haberturk, Hatice Cengiz contou que Khashoggi não queria ir ao consulado saudita, onde foi morto pouco depois de entrar no dia 2 de outubro. O assassinato de Khashoggi, colunista do Washington Post residente nos Estados Unidos, provocou uma crise para a Arábia Saudita e seu poderoso governante, o jovem príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

A pressão internacional para que a liderança saudita abra o jogo a respeito do caso vem aumentando, já que Riad mudou sua explicação oficial várias vezes. Na última versão o Procurador-Geral disse que o assassinato foi premeditado, revertendo um comunicado anterior segundo o qual Khashoggi foi morto acidentalmente durante uma briga no consulado.

"Sua rede local na Turquia era muito boa, como vocês sabem, sua rede política também", disse Hatice à Haberturk. "Ele achava que a Turquia é um país seguro e que, se fosse detido ou interrogado, a questão seria resolvida rapidamente."

Khashoggi foi morto depois de ingressar na representação consular para obter um documento que lhe permitiria voltar a se casar.

Ele foi bem tratado em sua primeira visita ao consulado, em 28 de setembro, disse ela à emissora.

O presidente turco, Tayyip Erdogan, exortou Riad nesta sexta-feira a revelar quem ordenou o assassinato de Khashoggi, assim como a localização de seu corpo, aumentando a pressão global para que o reino conte a verdade sobre o caso.

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