Aiatolá Khamenei durante cerimônia: "não permitiremos nenhuma intrusão dos Estados Unidos em nível econômico, político ou cultural" (AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2015 às 12h12.
O destino do acordo nuclear com o Irã ainda não está claro, e o país não permitirá influências dos Estados Unidos, advertiu nesta segunda-feira o guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei.
Khamenei disse em uma declaração citada em seu site que o regime islâmico bloqueará qualquer tentativa de Washington de influenciar no Irã, para além do histórico acordo nuclear.
"Pensam que com este acordo - cujo destino não está claro, porque ninguém sabe se será aprovado aqui ou nos Estados Unidos - poderão encontrar a forma de interferir no país", disse Khamenei.
No entanto, acrescentou, "não permitiremos nenhuma intrusão dos Estados Unidos em nível econômico, político ou cultural".
O acordo nuclear, alcançado em Viena no mês passado depois de mais de uma década de conflito diplomático, ainda deve ser ratificado pelo Congresso dos Estados Unidos, e pode exigir a aprovação do Parlamento iraniano.
Khamenei também acusou os Estados Unidos de tentar se infiltrar no Oriente Médio.
"Estão buscando a desintegração da Síria e do Iraque, mas isso não irá ocorrer, se Deus quiser", disse.
Os comentários de Khamenei mostram o receio que segue existindo no Irã em relação aos Estados Unidos.
O acordo entre o Irã e o chamado grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) tem por objetivo descartar qualquer ambição militar do programa nuclear iraniano, em troca da suspensão gradual das sanções impostas a Teerã desde 2006 por enriquecer urânio.
Em setembro se espera que o Congresso americano, dominado pelos Republicanos, contrários ao presidente Barack Obama, vote uma resolução contrária ao acordo nuclear.
Previsivelmente, Obama vetará a resolução. No entanto, o Congresso pode ultrapassar este veto e, portanto, destruir o acordo com Teerã, com uma maioria de dois terços tanto no Senado quanto na Câmara de Representantes.
No Irã, enquanto isso, há um debate sobre se é necessário que o Parlamento vote o acordo.
Uma maioria de deputados, 201 de 290, pediu que o acordo seja submetido a voto em forma de lei, para ficar definitivamente aprovado.