O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, faz um discurso durante uma coletiva de imprensa pelos confrontos após o esfaqueamento em Southport, no número 10 de Downing Street, no centro de Londres, em 1º de agosto de 2024 (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 5 de agosto de 2024 às 09h33.
O primeiro-ministro britânico, o trabalhista Keir Starmer, confrontado com os piores distúrbios ocorridos no Reino Unido em 13 anos, preside nesta segunda-feira, 5, uma reunião de crise após um fim de semana de grande violência da extrema direita contra mesquitas e imigrantes.
O final do fim de semana e as centenas de detenções efetuadas pela polícia aumentaram as tensões em um país comovido com as imagens dos últimos dias: ataques a abrigos para solicitantes de asilo e mesquitas, saques a lojas, confrontos com a polícia.
A violência eclodiu após um ataque com faca que ceifou a vida de três meninas há uma semana no noroeste da Inglaterra. Foi alimentada por rumores e especulações na internet sobre a identidade do suspeito, espalhados por "influenciadores" de extrema direita.
Depois de assumir uma postura de rigidez nos últimos dias contra aqueles que chamou de "bandidos da extrema direita", Starmer convocou o gabinete de crise, composto por ministros e representantes da polícia, para a noite de segunda-feira na sua residência oficial em Downing Street, em Londres.
Na tarde de domingo, o primeiro-ministro foi à televisão garantir aos manifestantes que vão "se arrepender" de terem participado dos distúrbios dos últimos dias, direta ou indiretamente, "provocando estas ações na Internet".
O líder trabalhista, um ex-advogado de direitos humanos e ex-chefe do Ministério Público britânico que chegou a Downing Street em julho, prometeu que o seu governo fará "tudo o que for preciso" para levá-los à Justiça o quanto antes.
A violência representa um grande desafio para Starmer, eleito há apenas um mês depois de liderar a vitória esmagadora dos Trabalhistas sobre os Conservadores.
Deputados de todo o espectro político instaram-no a convocar o Parlamento, atualmente em férias de verão, incluindo a ex-ministra do Interior ultraconservadora Priti Patel e o líder ultranacionalista do Reform UK, Nigel Farage, conhecido por suas posições anti-imigração.
Desde o ataque com faca da última segunda-feira em Southport, no noroeste de Inglaterra, os distúrbios e confrontos entre polícia, manifestantes e, por vezes, contra-manifestantes antirracistas se multiplicaram em inúmeras cidades britânicas, desde Liverpool, no noroeste, até Bristol, no sudoeste, passando por Leeds e Sunderland, na Inglaterra, ou Belfast, na Irlanda do Norte.
No domingo, estas manifestações, sob o lema "Já é demais" em referência à chegada ao Reino Unido de migrantes que atravessam o Canal da Mancha em embarcações infláveis, levaram a ataques a dois hotéis que abrigam solicitantes de asilo.