Garry Kasparov: ivre do risco de cadeia - pelo menos por enquanto - ele promete atacar os policiais que o detiveram em processos criminais (Andrey Smirnov/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2012 às 23h33.
São Paulo - Quando enxadrista, o russo Garry Kasparov foi autor de proezas importantes, como a de surrar seu compriota Anatoly Karpov, outro gênio dos tabuleiros. Um dos líderes da oposição russa, ele acaba de marcar um tento contra o todo-poderoso da Rússia, o presidente Vladimior Putin. Sob o risco de pegar cinco anos de cadeia sob acusação de morder a mão de Dennis Ratnikov, oficial da polícia, e de resistir a uma ordem de prisão, durante ato do lado de fora de um tribunal em Moscou, durante o julgamento da banda punk russa Pussy Riot, ele acaba de ser absolvido.
"É estranho ser absolvido de uma acusação, quando, ao longo de tantos anos, todos os militantes da oposição foram inevitavelmente condenados em tribunais como este", escreveu Kasparov em um comunicado divulgado de madrugada em Moscou ao qual VEJA.COM teve acesso em primeira mão. "Acho que o fato incomum foi que, ao contrário de muitos outros casos anteriores semelhantes, o juiz concordou em permitir que provas da defesa, incluindo imagens de vídeo e fotografias fossem levados em consideração". Também ajudou, segundo ele, os depoimentos extremamente confusos dos dois policiais que o acusaram de mordidas. "Caíram em contradições e convenceram o juiz de que aquela versão dos fatos não merecia nenhuma credibilidade", completou ele.
Livre do risco de cadeia - pelo menos por enquanto - ele promete atacar os policiais que o detiveram em processos criminais. "Graças à ajuda de jornalistas, temos um farto material que permite contar de tudo o que aconteceu do lado de fora do Tribunal em que foram julgadas as integrantes do grupo Pussy Riot", diz ele. "Se os investigadores atuarem como este juiz fez hoje, eu vou ter a sorte de ver alguns de meus algozes condenados por difamação. Mas, é bom que se diga, nem todo mundo na Rússia tem a sorte que eu tive ao merecer uma cobertura tão grande por parte da imprensa."