Radovan Karadzic é julgado por crimes de guerra em Haia: Karadzic disse hoje ter se limitado a "defender" a unidade territorial da antiga Iugoslávia (Robin van Lonkhuijsen/AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2012 às 09h24.
Haia - O ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic disse nesta terça-feira no Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII) que deveria "ser premiado" por tentar pôr fim à guerra que assolou a Bósnia entre 1992 e 1995.
"Deveria ser premiado e não acusado pelas coisas que fiz para acabar com a guerra", disse o ex-líder político na primeira audiência de sua defesa.
Definindo-se como um homem culto e "de formas suaves, que sabe entender os outros", Karadzic afirmou que nunca discriminou a população muçulmana da Bósnia, que ele acusou de ter iniciado o conflito.
"É um equívoco pensar que os sérvios começaram a guerra na Bósnia. O início da guerra não tem nada a ver comigo", afirmou perante os juízes.
"Eu nunca permiti o menor dos crimes", manteve em sua alegação, antes de afirmar que "ninguém podia pensar que ocorreria um genocídio de pessoas que considerávamos iguais".
Karadzic, que disse hoje ter se limitado a "defender" a unidade territorial da antiga Iugoslávia, é acusado de crimes de guerra e lesa-humanidade pelo genocídio de quase oito mil homens muçulmanos na cidade bósnia de Srebrenica em 1995.
Sobre o assédio de Sarajevo, o ex-líder declarou que sempre sentiu "verdadeiro horror por técnicas como a dos franco-atiradores, embora tenha reconhecido que "é uma estratégia militar possível".
Espera-se que Karadzic, que conta com um total de 300 horas para desenvolver sua defesa, convoque hoje a primeira de suas testemunhas.