Kamala Harris, vice-presidente dos EUA (Angela Weiss/AFP)
Editor de Macroeconomia
Publicado em 21 de julho de 2024 às 17h34.
Última atualização em 21 de julho de 2024 às 18h06.
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, confirmou neste domingo que está concorrendo à presidência do país.
O presidente Joe Biden desistiu na tarde deste domingo, 21, após semanas de especulação e chamadas públicas para que ele abandonasse a corrida eleitoral. Biden endossou seu apoio a Kamala.
"Estou honrada em ter o apoio do Presidente e minha intenção é conquistar e vencer essa nomeação", disse Kamala Harris, segundo o New York Times. "Temos 107 dias até o dia da eleição. Juntos, lutaremos. E juntos, venceremos."
Segundo ela, Biden agiu de forma "altruísta" e "patriótica". "O Presidente Biden está fazendo o que ele sempre fez ao longo de sua vida de serviço: colocando o povo americano e nosso país acima de tudo", afirmou a vice-presidente.
Harris elogiou o presidente Biden por suas conquistas no cargo. "Seu notável legado de realizações é incomparável na história moderna dos Estados Unidos, superando o legado de muitos presidentes que serviram dois mandatos", escreveu ela.
Até o momento, além de Biden, grandes nomes da política americana apoiaram a indicação de Kamala Harris como indicada do partido Democrata para disputar as eleições presidenciais deste ano. Entre eles, o ex-presidente Bill Clinton e sua esposa, Hillary Clinton, que endossaram a candidatura da vice-presidente menos de duas horas após Joe Biden desistir da reeleição.
"Nos juntamos a milhões de americanos em agradecer ao presidente Biden por tudo que ele conquistou, se levantando pela América muitas vezes, com sua direção sendo sempre o que é melhor para o país", disse o casal, em nota.
Segundo a imprensa norte-americana, doadores democratas estão buscando informações para apoiar a campanha de Kamala Harris.
Não se sabe, até aqui, como será o processo exatamente. Segundo Jaime Harrison, presidente da Convenção Nacional Democrata, o trabalho à frente, "embora sem precedentes, é claro".
"Nos próximos dias, o Partido realizará um processo transparente e ordenado para avançar como um Partido Democrata unido, com um candidato que possa derrotar Donald Trump em novembro. Esse processo será governado pelas regras e procedimentos estabelecidos do Partido. Nossos delegados estão preparados para levar a sério sua responsabilidade de apresentar rapidamente um candidato ao povo americano", escreveu no X, antigo Twitter.
Na tarde deste domingo, Biden publicou uma carta em seu perfil no X onde afirmou que desistiu de concorrer à reeleição. A decisão de saída foi postada às 13h46 no horário de Washington (14h46 no horário de Brasília).
“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E, embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me retire e concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, disse.
Não, Joe Biden apenas desistiu de disputar a reeleição. O democrata fica no cargo até 20 de janeiro de 2025.
O presidente Joe Biden tem 81 anos.
Biden desistiu da campanha à reeleição após forte pressão de doadores, companheiros de partido, imprensa e até de astros de Hollywood. Cerca de 30 deputados e senadores democratas pediram que o presidente Biden encerrasse sua campanha.
O presidente teve sua saúde e capacidade cognitiva questionadas, principalmente após um desempenho desastroso no primeiro debate na TV, em 27 de junho, contra Trump. Líderes democratas entenderam que Biden não teria capacidade de impedir que o ex-presidente republicano retomasse o poder.
O presidente americano defendeu que Kamala Harris, sua vice-presidente, assuma a candidatura democrata. O apoio de Biden ao nome de Kamala não garante que ela será a candidata democrata.
Entre os cotados para substituí-lo na disputa, estão a vice-presidente, Kamala Harris, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, e mais alguns nomes.
A campanha presidencial de Biden-Harris arrecadou US$ 90 milhões (quase R$ 500 milhões na cotação atual). Se Kamala Harris for indicada como a substituta, sua nova chapa enfrentará poucas interrupções financeiras. Harris terá acesso imediato ao fundo disponível. O ex-presidente Donald Trump e os republicanos atingiram US$ 116 milhões em fundos, segundo a Reuters.
Outra possibilidade é que se Harris não for anunciada como vice, os US$ 91 milhões serão devolvidos aos doadores, ou a poderá transferir esse montante para um super PAC federal que poderá investir o dinheiro em publicidade para a nova chapa democrata.
O nome que vai disputar as eleições no lugar de Biden será definido pelo Partido Democrata. O processo de substituição não está claro e poderá levar o partido a uma situação atípica.
Segundo as regras do Comitê Nacional Democrata (DNC), responsável pela organização da convenção, uma reunião de emergência deve ser convocada para estabelecer o processo de substituição. O DNC pode decidir realizar uma convenção especial para nomear um novo candidato à presidência ou nomear diretamente a pessoa após consultar os líderes democratas.
Para designar um indicado oficial, delegados de todos os 50 estados comparecem à convenção de indicação de seus partidos para nomear oficialmente um candidato com base nas eleições primárias.
Essa será a primeira em anos que o candidato democrata será decidido em uma convenção em vez das primárias. Nas primárias do partido, a chapa Biden-Kamala enfrentou uma oposição mínima e garantiu mais de 90% dos delegados que participarão da Convenção Democrata. Com a saída de Biden, os delegados precisam encontrar um substituto.
O processo de substituição de Biden ainda não está claro e nem existe uma data para a definição. Em agosto, o partido vai se reunir na Convenção Nacional Democrata.
A decisão sobre a nova candidatura deverá ser definida até a Convenção Nacional Democrata, marcada para os dias 19 a 22 de agosto, em Chicago.