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Kamal al Ganzuri nomeado novo primeiro-ministro do Egito

Ganzuri foi primeiro-ministro de Mubarak, derrubado por uma revolta popular

A Junta Militar concede a ele 'todas as prerrogativas' para formar um governo de união nacional (AFP)

A Junta Militar concede a ele 'todas as prerrogativas' para formar um governo de união nacional (AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2011 às 12h05.

Cairo - Kamal al-Ganzuri, um ex-chefe de governo de Hosni Mubarak, foi nomeado primeiro-ministro pelo Exército do Egito nesta sexta-feira, dia em que milhares de egípcios voltaram a se reunir na emblemática Praça Tahrir do Cairo para participar em uma manifestação para exigir, mais uma vez, que os militares abandonem o poder.

Ganzuri, de 78 anos, foi primeiro-ministro de Mubarak, derrubado por uma revolta popular, de 1996 a 1999. Ele substitui Esam Sharaf, que se demitiu com o restante do governo devido à grave crise egípcia.

Sharaf apresentou a demissão do seu governo por causa da grave crise que o país enfrenta, com 41 pessoas mortas, segundo dados oficiais, nos últimos dias em confrontos entre a polícia e manifestantes que exigem a saída dos militares do poder.

O Exército egípcio, no entanto, descartou mais uma vez a hipótese de entregar imediatamente o poder como exigem os milhares de manifestantes.

As ruas que levam ao Ministério do Interior, perto da praça, onde confrontos violentos foram registrados nos últimos dias, permaneciam bloqueadas.

Os manifestantes, que ocupam a Praça Tahrir pelo oitavo dia consecutivo, pedem que o Exército deixe imediatamente o poder. Também exigem que os responsáveis pelas mortes 41 pessoas - 36 delas no Cairo - durante os confrontos dos últimos dias sejam julgados.

"Sexta-feira é a última oportunidade: estabilidade ou caos", afirma o jornal governamental Al-Ahram na primeira página.

"Sexta-feira crucial", são as palavras no mesmo tom do jornal Al-Ajbar, três dias antes do início das primeiras eleições legislativas organizadas depois da queda de Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro.


Mohamed ElBaradei, ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), se uniu aos manifestantes.

ElBaradei, que sonha com a Presidência egípcia, se reuniu com dezenas de milhares de pessoas na praça, palco dos protestos contra os militares no poder.

O nome de Kamal al-Ganzurri já havia sido divulgado na quinta-feira pela imprensa egípcia, mas a então possível nomeação do economista de 78 anos não foi bem recebida pelos manifestantes da Praça Tahrir.

Os manifestantes também querem o fim do poder militar e a saída do principal comandante das Forças Armadas, o marechal Hussein Tantawi, acusado de perpetuar o regime de Mubarak.

O Exército pediu desculpas pelas mortes dos últimos dias, que chegaram a 41 em todo o país, 38 delas no Cairo, segundo o Ministério da Saúde.

Em função da situação, a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) recomendou aos meios de comunicação internacionais que não enviem mulheres jornalistas ao Egito, depois de uma série de agressões sexuais.

Na quinta-feira, uma jornalista egípcio-americana acusou a polícia do Egito de tê-la agredido sexualmente durante horas. Uma repórter francesa também denunciou agressões sexuais durante uma manifestação no Cairo.

"Esta é pelo menos a terceira vez que uma repórter é agredida sexualmente desde o início da revolução egípcia. As redações devem levar isto em consideração e deixar momentaneamente de enviar mulheres jornalistas ao Egito", afirma a RSF em um comunicado.

"Lamentavelmente, diante da violência destas agressões não existe outra solução", completa a organização.

"Além de terem me agredido, aqueles cachorros (referindo-se à polícia antidistúrbios) me submeteram às piores agressões sexuais", escreveu a egípcia Mona al-Tahawy no Twitter.

Ela disse ter sido liberada na quinta-feira após 12 horas.

Já a jornalista francesa Caroline Sinz disse à AFP que havia sido "agredida por uma multidão de homens" que lhe arrancaram a roupa na Praça Tahrir, onde ela estava junto de um câmera.

"Algumas pessoas tentaram me ajudar, mas não conseguiram. Eu estava sendo linchada. Durou cerca de três quartos de hora", disse, até que algumas pessoas presentes conseguiram ajudá-la e ela voltou a seu hotel no Cairo.

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