Rebeldes são vistos através de um buraco na parede usado por atirador de elite, enquanto tentam atacar prédio que abriga forças leais ao coronel Muamar Kadhafi (Christophe Simon/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2011 às 18h03.
Misrata - As tropas leais ao líder líbio, Muammar Kadhafi, prosseguiam neste domingo com seu avanço sobre Misrata, apesar do anúncio pelo regime de uma pausa nas operações contra os rebeldes nessa cidade sitiada do oeste da Líbia, onde a situação humanitária preocupa a comunidade internacional.
Os combates nas ruas de Misrata, 200 km de Trípoli, deixaram hoje seis mortos e 34 feridos, segundo fontes médicas.
No sábado, a guerra urbana travada entre insurgentes e tropas do regime de Muammar Kadhafi teve "o balanço mais grave em 65 dias de combates", com 28 mortos e uma centena de feridos.
O vice-ministro líbio de Relações Exteriores, Khaled Kaaim, afirmou na noite de sábado que as forças armadas do regime tinham suspendido suas operações em Misrata para permitir que as tribos buscassem uma solução pacífica para o problema.
Mas nas primeiras horas de domingo, os foguetes Grad explodiam na cidade e eram ouvidos disparos quase ininterruptos de armas automáticas, segundo jornalistas da AFP no local.
Um jornalista francês cuja identidade não foi revelada ficou ferido gravemente na noite de sábado em Misrata, apesar de estar fora de perigo após ser operado, segundo fontes médicas.
Os rebeldes confirmaram a presença de combatentes tribais nas filas das tropas de Kadhafi. "Algumas vezes combatemos contra homens uniformizados do exército, e às vezes contra homens civis. Agora há combatentes tribais procedentes do sul", explicou Omar Rajab, combatente rebelde de 29 anos.
Os rebeldes anunciaram que tinham conseguido fazer as tropas de Kadhafi retrocederem. Um trecho importante da rua Trípoli, linha de frente, passou para o controle rebelde, e os insurgentes tomaram o edifício Tameen, onde franco-atiradores fazem estragos há vários dias.
"Os homens de Kadhafi retrocedem. Os rebeldes tentam cercá-los no antigo hospital público. É o último reduto que defendem, mas ainda resistem", disse o médico Hakim Zaggut, que retornava ao front.
Pela primeira vez desde a intervenção militar internacional de 19 de março, um avião não pilotado americano atacou.
As forças armadas dos Estados Unidos anunciaram que dois aviões sem piloto voavam atualmente sobre a Líbia de forma permanente.
Um deles destruiu no sábado um lança-foguetes múltiplo perto de Misrata.
Apesar da ajuda humanitária fornecida por mar, sobretudo graças aos navios da Organização Internacional para as Migrações (OIM), que vão até Benghazi, mais a leste, para retirar pessoas de todas as nacionalidades, a situação degradou-se em Misrata, onde não há água potável.
Paralelamente, a Otan lançou novos ataques noturnos sobre Trípoli. Várias explosões foram escutadas.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), mais de 570.000 pessoas fugiram da Líbia desde o início da revolta contra o regime, em 15 de fevereiro.