O ex-presidente do Paquistão, Pervez Musharraf: juízes consideraram que relatórios apresentados pelos representantes de Mushárraf não justificam ausência (Aamir Qureshi/AFP)
Da Redação
Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 10h35.
Islamabad - O tribunal especial que julga o ex-ditador paquistanês Pervez Musharraf por suposto crime de alta traição decretou nesta quinta-feira que o ex-chefe do exército compareça a um tribunal na próxima quinta-feira, 16 de janeiro, e ignorou as alegações deste sobre problemas de saúde.
Os juízes consideraram que os relatórios médicos apresentados pelos representantes de Mushárraf não justificam sua ausência, já que seu estado não é tão grave que o impeça de comparecer às dependências judiciais.
Musharraf conseguiu evitar no último momento uma audiência prevista há uma semana após sofrer uma dor no peito quando ia ao tribunal em Islamabad e foi internado em um hospital militar da cidade vizinha de Rawalpindi.
Na segunda-feira, o tribunal conseguiu atrasar as audiências até estudar os relatórios médicos, mas hoje convocou o ex-militar, de 70 anos, para a semana que vem.
O promotor do caso, Akram Sheikh, denunciou há poucos dias que Musharraf se "oculta" no hospital e que já antes de sua suposta doença havia evitado outras audiências do caso quando foram encontrados explosivos nas proximidades de sua residência.
A hospitalização do ex-militar disparou os rumores sobre sua iminente saída do país fruto de um acordo tácito entre as autoridades civis e militares, para fechar um caso embaraçoso que pode esticar o já frágil balanço institucional do país asiático.
Apesar de estar em liberdade provisória, Mushárraf tem proibido sair de território paquistanês.
A pedido do atual governo, o ex-chefe do exército foi acusado na Corte Suprema por suspender a ordem constitucional em 2007, o que levou ao atual julgamento por alta traição, crime punido até com pena de morte.
O ex-militar impôs em novembro de 2007 o estado de emergência, suspendeu o Parlamento e ordenou a detenção de 60 juízes, fatos que segundo o Ministério do Interior significam traição de acordo com o artigo seis da Carta Magna paquistanesa.
Musharraf chegou ao poder em 12 de outubro de 1999 após dar um golpe de Estado contra o então primeiro-ministro Nawaz Sharif, que voltou à chefia de governo após vencer nas eleições em maio passado.
O ex-general, único dos quatro ditadores militares do Paquistão que foi detido, tentou no ano passado retomar sua carreira política ao voltar ao país para participar das eleições gerais, mas a justiça o impediu e ele acabou preso.