Mundo

Justiça outorga guarda de gêmeos a pai homossexual pela 1ª vez

De acordo a decisão, após o nascimento das crianças em janeiro de 2014, a mãe colocou impedimentos à aproximação do pai com os filhos

LGBT: "A homofobia da mãe era tão extrema que durante os primeiros 5 meses do 2015, ela sequestrou as crianças e permaneceu no Uruguai" (Foto/Reuters)

LGBT: "A homofobia da mãe era tão extrema que durante os primeiros 5 meses do 2015, ela sequestrou as crianças e permaneceu no Uruguai" (Foto/Reuters)

E

EFE

Publicado em 7 de agosto de 2017 às 15h42.

Santiago do Chile - A Suprema Corte do Chile outorgou pela primeira vez o cuidado pessoal de gêmeos ao pai homossexual, apesar da categórica rejeição da mãe, um fato que foi celebrado nesta segunda-feira pelas organizações que defendem os direitos da diversidade sexual.

O Movimento de Integração e Liberdade Homossexual (Movilh) tachou de "histórica" a decisão do máximo tribunal, que concedeu a guarda de duas crianças de três anos ao progenitor, após terem sido "sequestradas" pela mãe e permanecido por cinco meses no Uruguai.

"Estamos presenciando um marco, pois apesar de decisões similares terem sido dadas para mães lésbicas, este é a primeira de um pai gay. A mesma sentença faz clara referência a seu companheiro do mesmo sexo e ao fato de que convive com ele", destacou o dirigente do Movilh, Rolando Jiménez.

De acordo a decisão, após o nascimento das crianças em janeiro de 2014, a mãe colocou impedimentos à aproximação do pai com os filhos após ter sido informada de que ele tinha iniciado uma relação amorosa com outro homem.

Segundo estabeleceu o Tribunal da Família nessa época, o pai deveria pegar as crianças e levá-las para sua casa às sextas-feiras e sábados, o que gerou o primeiro conflito entre a mãe e o ex-companheiro.

"A homofobia da mãe era tão extrema que durante os primeiros cinco meses do 2015, ela sequestrou as crianças e permaneceu no Uruguai, impedindo qualquer contato com o pai", explicou o Movilh em comunicado.

Esse fato fez com que em 22 de junho de 2016 o Terceiro Tribunal da Família tenha outorgado os cuidados pessoais dos filhos ao pai, dado que ele contava "com melhores habilidades parentais, características psicológicas, econômicas e sociais" para dar aos pequenos "uma maior estabilidade e proteção em comparação com a mãe", ditou a resolução.

No entanto, essa decisão foi revogada em novembro desse ano pela Corte de Apelações de Santiago, que estabeleceu que tratava-se de um "conflito familiar", no qual a mulher apresentava "confusão e ansiedade que lhe dificultam ter respostas acertadas e empáticas em algumas ocasiões", mas que não lhe impediam de realizar os trabalhos de criação.

Perante essa resposta, o pai apresentou um recurso perante a Suprema Corte que foi acolhido por três votos a favor e dois contra. Os magistrados afirmaram na decisão que era o homem e não a mulher quem melhor garantia àquela família o interesse superior das crianças.

O Movilh celebrou que a determinação dos juízes tenha passado pelo conforto dos filhos e não pela orientação sexual dos pais, o que demonstra "que para a criação o mais importante é a capacidade de entregar amor, afeto e proteção".

Por outro lado, a organização, que promove os direitos e liberdade da diversidade sexual há 26 anos, condenou o fato de que para alguns magistrados o sequestro dos filhos por parte da sua mãe foi "irrelevante", mesmo a mãe tendo que ser notificada pelos tribunais uruguaios para que retornasse ao país.

Acompanhe tudo sobre:ChileCriançasJustiçaLGBT

Mais de Mundo

Justiça da Bolívia retira Evo Morales da chefia do partido governista após quase 3 décadas

Aerolineas Argentinas fecha acordo com sindicatos após meses de conflito

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA