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Justiça francesa vai decidir acusação e possível prisão preventiva contra fundador do Telegram

A empresa, que tem 900 milhões de utilizadores, garantiu que “cumpre as leis da União Europeia” e que “é um absurdo afirmar que uma plataforma ou o seu proprietário é responsável por abusos”

Pavel Durov, CEO e fundador do Telegram, em evento da TechCrunch Disrupt em San Francisco  (Steve Jennings/Getty Images/Getty Images)

Pavel Durov, CEO e fundador do Telegram, em evento da TechCrunch Disrupt em San Francisco (Steve Jennings/Getty Images/Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 28 de agosto de 2024 às 11h25.

Última atualização em 28 de agosto de 2024 às 12h25.

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A Justiça da França deve decidir esta quarta-feira se acusa e eventualmente decreta a prisão preventiva do fundador do Telegram, o franco-russo Pavel Durov, que foi levado à justiça após uma detenção no sábado que gerou críticas em todo o mundo. Durov foi transferido à tarde para o Palácio da Justiça de Paris, depois de vários dias sob custódia policial, com vista à sua eventual acusação pela justiça francesa, disse à AFP uma fonte próxima do caso.

O bilionário de 39 anos, preso no sábado no aeroporto Le Bourget, ao norte de Paris, é acusado de não ter agido contra a disseminação de conteúdo criminoso em seu serviço de mensagens criptografadas. A empresa, que tem 900 milhões de utilizadores, garantiu que “cumpre as leis da União Europeia” e que “é um absurdo afirmar que uma plataforma ou o seu proprietário é responsável por abusos”.

O Telegram posicionou-se como uma alternativa às plataformas de mensagens americanas, criticadas pela exploração comercial dos dados pessoais dos utilizadores, defendendo a confidencialidade. As mensagens criptografadas desempenham um papel fundamental no contexto da ofensiva russa na Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022, e são ativamente utilizadas por políticos e observadores de ambos os lados. Mas seus detratores acusam o Telegram de hospedar conteúdo muitas vezes ilegal, desde imagens sexuais extremas até desinformação, incluindo serviços de compra de drogas.

A justiça francesa abriu uma investigação no dia 8 de julho por cumplicidade em crimes organizados na plataforma, como tráfico de drogas, pornografia infantil, fraude e lavagem de dinheiro em gangue organizada, entre outros. Seu guarda-costas e seu assistente, que também foram detidos na noite de sábado ao chegarem à França com Durov, foram libertados após serem interrogados, segundo uma fonte próxima ao caso.

Agora, a justiça deve decidir se o liberta sem acusações, tal como os seus trabalhadores, ou decidir acusá-lo e eventualmente ordenar a prisão preventiva ou medidas de controlo judicial.

Apoios de Musk e Snowden

Durov, que se estabeleceu em Dubai nos últimos anos e também tem passaporte francês, chegou a Paris vindo de Baku e planejava jantar na capital francesa, segundo fontes próximas ao caso. O presidente russo, Vladimir Putin, também esteve na capital do Azerbaijão nos dias 18 e 19 de agosto, mas o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, negou que os dois se tivessem encontrado.

Moscovo declarou na terça-feira que as acusações são “muito graves” e alertou a França para não tentar “intimidar” Durov, apesar de o presidente francês, Emmanuel Macron, ter negado que a sua detenção fosse “política”.

Durov, cuja fortuna a revista Forbes estima em 15,5 bilhões de dólares, também recebeu o apoio do chefe da rede social X, Elon Musk, e do denunciante americano residente na Rússia, Edward Snowden. Segundo o Telegram, seu fundador também tem nacionalidade dos Emirados Árabes Unidos, onde a empresa está sediada. Este país solicitou à França acesso consular a Durov.

Esta figura enigmática, que raramente fala em público, deixou a Rússia há 10 anos e promove orgulhosamente o seu estilo de vida, que inclui banhos de gelo e abstinência de álcool e café. Nos últimos dias, surgiram inúmeras questões sobre o momento e as circunstâncias da sua detenção, em particular a razão pela qual ele voou para Paris se havia um mandado de detenção pendente contra ele.

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