Rajoy: a condenação confirma a existência de caixa 2 no partido do chefe de governo da Espanha (Paul Hanna/Reuters)
AFP
Publicado em 24 de maio de 2018 às 11h28.
A Audiência Nacional espanhola condenou o Partido Popular (PP, direita), do chefe de governo, Mariano Rajoy, por lucrar com uma trama de corrupção pela qual 29 pessoas foram sentenciadas a um total de 351 anos de prisão - anunciou o tribunal nesta quinta-feira (24).
Na sentença, divulgada hoje, mas datada de 17 de maio, a Audiência Nacional condena o PP a pagar 245.492 euros como "partícipe a título lucrativo" da trama do chamado caso "Gürtel".
Os dois principais responsáveis pela trama, o ex-tesoureiro do PP Luis Bárcenas e o empresário Francisco Correa, foram condenados a 33 anos e 4 meses e a 51 anos e 11 meses de prisão, respectivamente.
Depois de um julgamento que se estendeu de outubro de 2016 a novembro de 2017, a Justiça considerou provada a existência entre 1999 e 2005 de uma trama de subornos a funcionários e dirigentes do PP em troca de licitações públicas em vários municípios das regiões de Madri e Castilla y León.
Esses fatos "produziram benefícios econômicos quantificáveis ao Partido Popular, que consistem no financiamento ilegal de atividades e diversos atos políticos", afirma a sentença de quase 1.700 páginas.
O texto também confirma a existência de um "caixa 2" na sigla, "uma estrutura financeira e contábil paralela à oficial existente ao menos desde o ano 1989".
O responsável por esse caixa era Luis Bárcenas, ex-intendente e ex-tesoureiro da formação suspeito de ter escondido uma fortuna na Suíça e condenado agora a pagar 44 milhões de euros por lavagem, fraude fiscal e outros crimes.
Há anos, o caso "Gürtel" consome o Partido Popular de Rajoy, que perdeu em 2015 a maioria absoluta no Congresso espanhol castigado pelas políticas de austeridade e os vários escândalos de corrupção.
Em julho de 2017, Rajoy foi citado como testemunha no julgamento, na única ocasião em que um dirigente espanhol no exercício do cargo testemunhou em um tribunal.
Na ocasião, o líder conservador garantiu desconhecer a gestão financeira do partido e disse "nunca" ter-se ocupado de "qualquer questão de contabilidade".
Das 37 pessoas julgadas, 29 foram condenadas a uma pena total de 351 anos de prisão por crimes de formação ilícita, suborno, malversação, prevaricação, lavagem, entre outros.