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Justiça egípcia proíbe Mubarak e família de deixar o país

Ex-ditador também teve contas e bens congelados; procurador-geral espera que Mubarak seja julgado em breve

Hosni Mubarak, ex-presidente egípcio: suspeita de corrupção (Getty Images)

Hosni Mubarak, ex-presidente egípcio: suspeita de corrupção (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2012 às 19h49.

Cairo - A justiça egípcia começou a atuar contra o ex-presidente Hosni Mubarak e nesta segunda-feira o proibiu de deixar o país, além de ter congelado seus bens e suas contas bancárias, uma medida que também afeta sua família.

A decisão, anunciada pelo procurador-geral, Abdel Maguid Mahmoud, foi divulgada uma semana depois de as autoridades egípcias pedirem o congelamento das contas bancárias que a família de Mubarak possa ter no exterior.

"O congelamento dos fundos de Mubarak aplaina o caminho para seu julgamento, não só pelo dinheiro roubado, mas também pelos mártires" da revolução que teve início em 25 de janeiro, declarou à Agência Efe o porta-voz da Irmandade Mulçumana.

"Tudo isto vai na direção correta. Havia forças oponentes dentro do Egito", acrescentou o porta-voz do principal grupo da oposição.

Fontes militares citadas pela edição digital do jornal "Al-Ahram" asseguraram nesta segunda-feira que Gamal Mubarak, filho do ex-presidente, tentou sair no domingo do país em um avião privado, mas foi impedido pelas autoridades.

Mubarak retirou-se para a cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, na Península do Sinai, depois de renunciar, em 11 de fevereiro, após 18 dias de protestos maciços.

O porta-voz da Procuradoria Geral egípcia explicou que a decisão judicial desta segunda-feira foi tomada após as denúncias sobre a "inflação" das riquezas de Mubarak e sua família.

Segundo a agência oficial "Mena", a ordem de congelamento inclui investimentos imobiliários, dinheiro, ações e contas em bancos e em companhias de Mubarak, sua mulher, seus dois filhos, suas noras e seus netos.

O porta-voz acrescentou que todos os bancos e as partes envolvidos foram informadas sobre as decisões desta segunda-feira.

O presidente do Tribunal de Apelações do Cairo fixou para o próximo sábado a sessão para tratar da solicitação da Procuradoria de congelar os fundos de Mubarak e sua família.

No último dia 21, a Procuradoria Geral do Egito pediu ao Ministério das Relações Exteriores que tramitasse a solicitação para congelar as contas que o ex-presidente e seus familiares têm fora do país.

Segundo o jornal "Al-Ahram", o ex-deputado egípcio Mustafa Bakri apresentou à Procuradoria Geral documentos que revelam, inclusive, que a mulher de Mubarak e seus dois filhos têm contas bancárias secretas no Egito,

A denúncia, publicada pelo jornal, divulga inclusive os números das contas bancárias da família de Mubarak e os nomes dos bancos onde estão estes fundos.

De acordo com estes documentos, o filho mais velho de Mubarak, Alaa, tem dez contas bancárias no banco estatal Al Ahli, com mais de 100 milhões de libras (US$ 20 milhões).

Seu filho mais novo, Gamal, teria a mesma quantidade de dinheiro em várias contas bancárias, enquanto a mulher de Mubarak teria US$ 147 milhões em distintas entidades financeiras locais.

Segundo o especialista jurídico Hossam Issa, a decisão anunciada nesta segunda-feira representa "um passo muito importante para o país recuperar seus bens e a possibilidade de Mubarak ser processado perante os tribunais".

"Têm grande quantidade de dinheiro, tanto ele quanto sua mulher, por meio de atos de pilhagem", acrescentou.

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