O jornalista da rede Al-Jazeera Abdallah Elshamy é visto em foto de arquivo (AL-JAZEERA TV/AFP/Arquivos)
Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2014 às 17h28.
O Ministério Público egípcio ordenou nesta segunda-feira a libertação do jornalista da rede Al-Jazeera Abdallah Elshamy, em greve de fome há quase cinco meses, informou a imprensa oficial.
Paralelamente, a Justiça marcou para 23 de junho a data do veredicto do julgamento de outros jornalistas da Al-Jazeera acusados de apoiar a Irmandade Muçulmana, a confraria do deposto presidente Mohamed Mursi.
Elshamy foi preso em 14 de agosto de 2013 quando cobria para a rede do Catar a sangrenta dispersão pelas forças de segurança de uma manifestação de partidários de Mursi no Cairo.
O jornalista, que aguarda seu julgamento, está em greve de fome desde 21 de janeiro em protesto contra a sua detenção. Em maio, sua família relatou à AFP que o jornalista havia perdido 40 quilos.
"O procurador-geral Hesham Barakat ordenou a libertação de 13 acusados (...), incluindo Abdallah Elshamy (...) por motivos de saúde", informou a agência de notícias oficial Mena.
"Nosso pedido de libertação para Abdallah foi aceito (...) Ele deixará a prisão de Torah (localizada no sul do Cairo) a partir de amanhã", declarou à AFP seu advogado, Saeed Shaaban.
A Al-Jazeera afirmou que essa decisão comprova a "falta de acusações contra ele".
Exigindo que as autoridades egípcias "libertem todos os jornalistas que continuam presos", a Al-Jazeera ressaltou que "Elshami cumpria seu trabalho jornalístico profissionalmente" quando foi detido.
Egito e Catar têm estado em desacordo desde a destituição e a prisão de Mursi, em 3 de julho de 2013. Cairo acusa Doha de apoiar os islâmicos, enquanto Doha denuncia a repressão contra os partidários de Mursi, que já matou 1.400 pessoas e levou 15.000 para prisões, de acordo com organizações não governamentais.
O anúncio da libertação de Elshami ocorreu horas depois de o tribunal fixar 23 de junho como a data do veredicto dos demais jornalistas da Al-Jazeera ainda detidos.
Em 5 de junho passado, um promotor pediu a "pena máxima", de 15 a 25 anos de prisão, para 20 réus, incluindo o repórter australiano Peter Greste e outros dois jornalistas que trabalham para a Al-Jazeera English.
Dezesseis egípcios são acusados de pertencer a uma "organização terrorista" - a Irmandade Muçulmana -, e quatro estrangeiros, de difundir "notícias falsas" para apoiar a irmandade islâmica. Nove réus estão detidos no Egito, entre eles Greste, e 11 são julgados à revelia, incluindo três jornalistas estrangeiros.