Cristina Kirchner: opositora alega que hotel poderia ser um alojamento "fantasma" usado por Cristina e seu falecido marido (Juan Mabromata/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de novembro de 2014 às 16h23.
Buenos Aires - Um juiz argentino ordenou nesta quinta-feira uma investigação sobre a empresa Hotesur, que administra o hotel Alto Calafate, após uma denúncia contra a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, por abuso de autoridade e irregularidades na gestão desta sociedade hoteleira.
A pedido do juiz Claudio Bonadio, a sede da Hotesur no centro de Buenos Aires foi alvo de uma averiguação por parte das autoridades. Além disso, informação sobre esta empresa foi requerida ao Fisco argentino.
Através de um comunicado, a Administração Federal de Receita Pública informou que "está fazendo a entrega de toda a informação requerida" pelo juizado de Bonadío.
A denúncia, feita pela deputada opositora Margarita Stolbizer, pede que a Justiça investigue se Cristina e outros membros do governo, como o ministro da Justiça, Julio Alak, cometeram delitos de violação dos deveres de funcionário público e abuso de autoridade na gestão da empresa Hotesur, da qual a presidente é acionista.
Na denúncia, Stolbizer alegou que o Hotel Alto Calafate, controlado pela Hotesur, poderia ser um alojamento "fantasma" usado então por Cristina e seu falecido marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, para fazer negócios irregulares junto com o empresário Lázaro Baez, investigado pela Justiça.
Além disso, a querelante afirmou que a declaração juramentada realizada pela presidente sobre seu patrimônio não menciona a porcentagem da sociedade que lhe pertence, embora sua participação esteja avaliada em 9,4 milhões de pesos (cerca de R$ 2,5 milhões).
Stolbizer ressaltou que Cristina reconhece também uma dívida com a sociedade "sem que se esclareçam conceitos ou razões de dito endividamento".
A deputada opositora acrescentou que a sociedade deve ainda a entrega de seus balanços desde 2011 e uma apresentação perante a Inspeção Geral da Justiça (IGJ), encarregada de fiscalizar as sociedades comerciais.
Além disso, apontou que "não se conhecem os ativos, os passivos, a conformação societária atual nem quem integra o diretório na atualidade" já que também não consta a inscrição de suas autoridades.
A deputada lembrou que o estatuto da empresa determina que a cada três anos se renove o diretório, mas a Hotesur "nunca notificou mudanças" depois da morte do ex-presidente Néstor Kirchner.