''Não foram meros cortes de cabelo, foram ataques violentos'', disse o promotor (Stock.Xchange)
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2012 às 21h56.
Washington - Um júri federal de Cleveland, nos Estados Unidos, declarou culpados nesta quinta-feira os 16 membros da comunidade amish de Ohio, acusados de atacar outros integrantes da mesma comunidade e cortar seus cabelos e barbas, motivados por diferenças religiosas, podendo pegar até 17 anos de prisão.
Todos os acusados, entre eles o bispo amish Samuel Mullet Sr., considerado o autor intelectual da ação, foram considerados culpados das acusações de conspiração, sequestro e ódio religioso, entre outras.
''Embora as acusações aplicadas possam representar uma sentença de prisão perpétua, o juiz pode escolher a duração determinada, e as diretrizes federais no caso indicam que a pena pode ser de 17 anos'', explicou Mike Tobin, porta-voz do escritório da promotoria ao jornal ''Plain Dealer'' de Cleveland.
A decisão definitiva do juiz está prevista para 24 de janeiro do ano que vem.
''Não foram meros cortes de cabelo, foram ataques violentos. Nossa comunidade deve ter tolerância zero com este tipo de ataque'', afirmou Steven Dettelbach, promotor do Distrito Norte de Ohio.
Segundo os documentos da investigação, Mullet teria planejado os ataques depois que várias famílias amish que viviam na comunidade Bergholz, dirigida pelo bispo de 66 anos, o acusaram perante um conselho de anciões amish de impor castigos físicos contra os membros que não cumpriam as suas ordens.
Além disso, denunciaram que Mullet forçava as mulheres amish casadas a manterem relações sexuais com ele para ''afastá-las do demônio''.
Como resposta, Mullet e seus seguidores invadiram as casas das vítimas, entre elas sua própria nora, para cortar as barbas e os cabelos dos homens, um gesto que representa uma humilhação para os amish, já que são considerados sagrados.
Os ataques ocorreram em quatro condados de Ohio entre setembro e novembro de 2011.
Por outro lado, a defesa reconheceu os ataques, mas considerou a decisão do júri como exagerada.
''Em essência, este é um caso de violência doméstica elevado à condição de crime de ódio religioso. Sinto um terrível precedente, já que nenhum dos incidentes foi influenciado pela religião de uma pessoa'', declarou Edward Bryan, o advogado de defesa.
Os amish são um grupo de congregações cristãs dentro das igrejas menonitas, conhecidos por sua vida austera e pela recusa em adotar a tecnologia e as comodidades da vida moderna. Nos EUA vivem cerca de 250 mil amish, principalmente nos estados da Pensilvânia, Ohio e Indiana.