Mundo

Junta militar prende ministro que desafiou golpe

Junta militar da Tailândia prendeu o ministro da Educação deposto, após o político conceder uma entrevista na qual não reconheceu a autoridade do exército

Ministro da Educação deposto, Chaturon Chaisang (C): "estou preparado para que me detenham" (Damir Sagolj/Reuters)

Ministro da Educação deposto, Chaturon Chaisang (C): "estou preparado para que me detenham" (Damir Sagolj/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2014 às 09h16.

Bangcoc - A junta militar da Tailândia prendeu nesta terça-feira o ministro da Educação deposto, Chaturon Chaisang, pouco após o político conceder uma entrevista coletiva em Bangcoc na qual ele não reconheceu a autoridade do exército e defendeu o restabelecimento da democracia.

Quatro soldados entraram no Clube da Imprensa Estrangeira e levaram Chaturon, que não resistiu e saiu do local lembrando aos presentes o que já tinha anunciado, que seria detido após ter feito as declarações.

Na entrevista coletiva, o ex-ministro disse que os "líderes militares poderiam ter escolhido outra alternativa desde o início. A situação não teria se deteriorado e não precisariam dar a desculpa para aplicar o golpe se tivessem cooperado com o governo para fazer cumprir a lei e tratar com justiça todas as partes".

O chefe do exército da Tailândia, Prayuth Chan-ocha, perpetrou um golpe de Estado em 22 de maio para, segundo ele, garantir a paz e a ordem após meses de manifestações, nas quais morreram 28 pessoas e mais de 800 ficaram feridas.

O ex-ministro é uma das mais de 200 personalidades que a junta militar convocou para esclarecimentos após o levante. Pelo menos metade desse grupo está atualmente preso.

Chaturon explicou que não respondeu ao chamado pois não reconhece a autoridade do regime e explicou que, por sua experiência, após viver golpes como estudante, parlamentar e ministro sabe que as pessoas convocadas pelos golpistas sempre acabam detidas.

O político foi um dos milhares de estudantes que reivindicaram mais liberdade em 1976 e que terminaram perseguidas pelo exército, e por isso passou os anos seguintes na clandestinidade, até a aprovação de uma anistia.

"Não tenho intenção de escapar, resistir ou lutar na clandestinidade, estou preparado para que me detenham", disse Chaturon.

Chaturon afirmou que todas as medidas adotadas pelos golpistas desde que tomaram o poder até receberem o apoio do rei são ilegais, e "isto se demonstrará porque em breve vão aprovar uma anistia para se proteger".

A junta militar dissolveu o governo e o parlamento, suspendeu a Constituição, resguardou a autoridade da monarquia, decretou toque de recolher e censurou a imprensa.

A Tailândia sofreu 12 golpes militares desde o estabelecimento da democracia, em 1932.

O levante anterior ocorreu em 2006 e é o responsável pela crise política que o país vive desde então.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCrise políticaDemocraciaTailândia

Mais de Mundo

Ucrânia denuncia ataque russo em larga escala contra sistema de energia

Biden visita a Amazônia em meio a temores com retorno de Trump ao poder

Agenda do G20 no Brasil entra na reta final; veja o que será debatido entre os líderes globais

Trump nomeia Chris Wright, executivo de petróleo, como secretário do Departamento de Energia