Juncker: "Com a França, temos um problema particular: os franceses gastam muito dinheiro e gastam muito nas áreas equivocadas" (Vincent Kessler/Reuters)
EFE
Publicado em 8 de maio de 2017 às 11h48.
Berlim - O presidente da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker, afirmou nesta segunda-feira que o governo da França gasta muito dinheiro, e de forma equivocada, mas pediu tempo para que o presidente eleito do país, Emmanuel Macron, possa implementar suas reformas.
Juncker fez as declarações em Berlim, ao participar do lançamento do livro "Neuvermessungen", do ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Sigmar Gabriel, que detalha sua visão política sobre os grandes desafios atuais, da imigração à digitalização e também a ascensão de grupos da extrema direita por todo o mundo.
"Com a França, temos um problema particular: os franceses gastam muito dinheiro e gastam muito nas áreas equivocadas. Isso não vai funcionar a longo prazo", disse o presidente da CE.
Juncker avaliou que a França precisa aplicar reformas econômicas - como já propôs Macron -, mas com seus próprios termos, sem pressões externas. Nesse sentido, indicou também que o país precisa de flexibilidade em relação ao déficit enquanto aplicar essas mudanças. Para ele, é preciso "evitar o erro de poupar incorretamente".
"A consolidação fiscal é tarefa de uma geração. Os investimentos também. Não podemos falar somente de déficit, é preciso também falar de crescimento", sublinhou Juncker.
Nesse mesmo sentido, Gabriel defendeu uma maior margem de manobra no orçamento da França e lembrou que quando a Alemanha, ainda no governo do chanceler Gerhard Schröder, aplicou as reformas estruturais da Agenda 2010, não cumpriu com os limites de déficit.
"Meu pedido é que, como alemães, não proibamos os demais a ter a flexibilidade que a própria Alemanha se beneficiou", indicou.
Pouco depois da notícia da vitória de Macron, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha divulgou um comunicado no qual pedia ao futuro presidente francês ajuda para acabar com a "política de ortodoxia fiscal" na União Europeia e para iniciar um plano francês-alemão de investimentos.
Gabriel indicou hoje que apenas o ministério de Finanças da Alemanha defende a austeridade fiscal.
O governo da Alemanha deixou claro que a proposta de um fundo de investimentos era de Gabriel. A chanceler do país, Angela Merkel, rebateu e disse que não vê motivos para mudar o Pacto Europeu de Estabilidade e Crescimento.
Gabriel, vice-chanceler e ministro de Relações Exteriores desde fevereiro, foi até o início do ano presidente do Partido Social-Democrata (SPD), mas renunciou ao cargo para que Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu, fosse o candidato da legenda nas eleições gerais de setembro.