Assange foi acusado por 18 crimes, incluindo conspiração para invadir bancos de dados militares (Peter Nicholls/File Photo/Reuters)
Repórter colaborador
Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 06h56.
A história do ativista Julian Assange, fundador do Wikileaks, está chegando a um ponto decisivo. Nesta semana, Assange passa por um julgamento no Reino Unido que vai decidir a respeito de seu último recurso no caso que envolve sua possível extradição para os EUA. Assange está preso na Inglaterra desde 219.
Ele é acusado por Washington de vazar documentos militares considerados secretos entre 2010 e 2011.
Ele já foi condenado à extradição para os EUA no Reino Unido em 2021. Seus advogados disseram que o caso em motivações políticas e que irão apelar para a Corte Europeia de Direitos Humanos caso o recurso atual seja negado.Segundo informações da BBC, sua vida em tribunais não começou agora. Em 1995, ele foi multado por crimes cibernéticos em uma Corte da Austrália, seu país natal, e só evitou a prisão porque prometeu não cometer infrações novamente.
Em 2006 ele fundou o WikiLeaks. O projeto afirma ter publicado mais de dez milhões de documentos, incluindo relatórios oficiais confidenciais relacionados a guerras, espionagem e corrupção.Em 2010, o site divulgou um vídeo de um helicóptero militar dos EUA que mostrava 18 civis sendo mortos na capital do Iraque, Bagdá. Foi um terremoto político à época.
Também publicou milhares de documentos confidenciais fornecidos Chelsea Manning, ex-analista de inteligência do Exército dos EUA.
Os arquivos indicavam que militares dos EUA tinham matado centenas de civis em incidentes não relatados durante a guerra no Afeganistão.
Ele foi acusado por 18 crimes, incluindo conspiração para invadir bancos de dados militares com o objetivo de conseguir informações confidenciais. Se condenado, seus advogados dizem que ele pode pegar até 175 anos de prisão. O governo dos EUA, porém, afirma que uma sentença entre quatro e seis anos é mais provável.
Autoridades suecas emitiram um mandado de prisão contra Assange em 2010, acusando o ativista de abusar sexualmente de uma mulher e de molestar outra enquanto estava no país. Ele negou os crimes. A Suécia também pediu ao Reino Unido a extradição de Assange.
Após dois anos de batalhas legais, a Justiça do Reino Unido decidiu que ele deveria ser extraditado para a Suécia para interrogatório. Apoiadores de Assange disseram à época que, na verdade, era uma tática do governo dos EUA para, assim que possível, levar o ativista para seu território e julgá-lo lá.
Nesse tempo, ele procurou asilo político na embaixada do Equador. A concessão foi concedida pelo então presidente do país, Rafael Correa, que não tinha relações tão amistosas com os EUA e que apoiava o Wikileaks. Assange passou sete anos na embaixada.
Em abril de 2019, o então novo presidente do Equador, Lenin Moreno (aliado de Correa, mas que depois rompeu com ele), ordenou que Assange deixasse a embaixada devido ao seu "comportamento descortês e agressivo. Havia suspeitas de que Assange estava acessando documentos de segurança da embaixada.
Assange foi detido dentro da embaixada pela polícia britânica e depois julgado por não se submeter aos tribunais para ser extraditado para a Suécia. Mais tarde, ele seria condenado a 50 semanas de prisão.
Em novembro de 2019, autoridades suecas desistiram do processo contra Assange porque os supostos crimes teriam prescrito.