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Julgamento por atentados de Boston começa segunda-feira

Dzhokhar Tsarnaev, de 21 anos, pode ser condenado à morte caso seja considerado culpado

Sobreviventes da explosão na Maratona de Boston de 2013 cruzam a linha de chegada no aniversário de um ano do incidente  (REUTERS/Brian Snyder)

Sobreviventes da explosão na Maratona de Boston de 2013 cruzam a linha de chegada no aniversário de um ano do incidente (REUTERS/Brian Snyder)

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Da Redação

Publicado em 3 de janeiro de 2015 às 15h59.

Em uma cidade com as emoções à flor da pele, o julgamento do acusado pelo duplo atentado de Boston começa nesta segunda-feira, 18 meses após a tragédia que deixou de luto e devolveu o medo de terrorismo aos Estados Unidos.

Dzhokhar Tsarnaev, de 21 anos, pode ser condenado à morte caso seja considerado culpado pelo atentado de 15 de abril de 2013 durante a famosa Maratona de Boston, matando três e ferindo 264 pessoas.

Nesta segunda-feira começa a seleção do júri para o julgamento, previsto para durar vários meses.

A seleção, que pode durar algumas semanas, definirá um grupo de 12 jurados e seis suplentes de um total de 1.200 pessoas.

Tsarnaev se declarou inocente de 30 acusações, incluindo as de conspiração para o uso de uma arma de destruição massiva com intenção de matar, conspiração para atentado em local público resultando em morte, e conspiração para destruição de propriedade resultando em morte.

O julgamento federal é um dos mais aguardados desde o de Timothy McVeigh por ter detonado uma bomba na cidade de Oklahoma, matando 168 pessoas em 1995.

Tsarnaev será representado por uma equipe de cinco advogados, incluindo Judy Clarke, conhecida por defender clientes no corredor da morte e evitar que eles sejam condenados à morte.

Aumenta a tensão 

As tensões têm aumentado nas audiências preliminares, com protestos e manifestações de apoio a Tsarnaev durante sua presença em meados de dezembro, a segunda ante a corte desde o duplo atentado.

Os dois filhos de Liz Norden perderam uma perna durante a tragédia, e ela pretende estar presente em todas as sessões da corte.

"Quero tentar encontrar sentido nisso. Sei que não conseguirei, mas preciso apenas vê-lo. Não tenho alternativa. Quero saber tudo", contou a mulher à AFP.

E deu a sentença para Tsarnaev: "Quero vê-lo morto, acho que assim a justiça será feita".

Na última participação de Tsarnaev na semana passada, uma vítima mostrou enfurecida sua perna artificial aos manifestantes que defendem a inocência do suspeito.

Após a audiência, uma mulher pediu em russo apoio a Tsarnaev.

Os advogados de defesa reclamaram que a presença de manifestantes do lado de fora da corte foi impedida.

Caos e carnificina

Detido no centro médico prisional de Fort Devens, a cerca de 70 km de Boston, Tsarnaev parece recuperado de suas feridas.

O muçulmano de origem chechena é acusado de ter orquestrado os atentados em Boston junto ao seu irmão Tamerlan Tsarnaev, abatido no confronto com a polícia após a tragédia e morto quatro dias depois.

Ele e Tamerlan são acusados de detonar duas bombas artesanais perto da linha de chegada da tradicional maratona de Boston.

Os dois explosivos detonaram com 12 segundos de diferença, gerando caos e carnificina no centro da cidade. Em seguida, começou uma busca desenfreada pelos suspeitos.

Dzhokhar foi capturado ferido quando se escondia em um barco estacionado no quintal de uma casa do subúrbio.

O suspeito deixou por escrito os motivos que o levaram a cometer o ataque em uma carta encontrada no bote.

"O governo dos Estados Unidos está matando nossos cidadãos inocentes", escreveu.

"Não posso continuar como um mal tão grande continua impune...nós, muçulmanos, somos um só corpo, se um é ferido, todos são", dizia o texto.

"Não gosto da ideia de matar pessoas inocentes, o Islã proíbe isso, mas...deixem de matar a nossa gente que pararemos".

Dzhokhar Tsarnaev chegou aos Estados Unidos quando tinha oito anos e foi naturalizado americano em 2012.

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