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Da Redação
Publicado em 12 de fevereiro de 2015 às 18h16.
Roma - O julgamento de 32 ex-militares pelo desaparecimento de 20 de italianos na América Latina durante a Operação Condor, nas décadas de 1970 e 1980, foi suspenso por um tribunal de Roma nesta quinta-feira para o dia 12 de março, após a juíza negar diversos pedidos das defesas.
A audiência desta quinta-feira era 'técnica', na qual deveriam ser resolvidos pedidos dos defensores e estabelecer as acusações particulares. No entanto, as várias reivindicações dos defensores levaram a juíza Evelina Colella a adiar a audiência.
A questão mais demorada para a magistrada foi a colocada pelo advogado Luca Milani, que atende os quatro acusados peruanos. A defesa colocou dúvidas sobre a constitucionalidade do processo já que, segundo sua opinião, ninguém pode ser julgado duas vezes pelos mesmos incidentes e muitos dos acusados já receberam penas em seus respectivos países.
Colella demorou cerca de uma hora para abordar a questão, a portas fechadas, e afirmou que se tratava de um argumento 'infundado'.
Os advogados de defesa tentaram jogar por terra o relatório de acusação do promotor Giancarlo Capaldo, encarregado de investigar os fatos desde que, em 1999, recebeu a denúncia de alguns familiares das vítimas.
No entanto, a juíza acabou negando todas as propostas e marcou a próxima audiência para março, quando se constituirão as acusações particulares do processo e as testemunhas serão analisadas.
Pelos crimes, Capaldo acusou 32 antigos membros das militares e civis de Bolívia (um), Chile (11), Peru (quatro) e Uruguai (16).
Quase todos os réus, que hoje têm idade avançada, recusaram comparecer ao julgamento italiano, tanto pessoalmente como por videoconferência.
A exceção aconteceu nesta quinta-feira, quando um dos acusados uruguaios, o ex-militar Jorge Néstor Troccoli, de 78 anos, residente na Itália, onde tem nacionalidade, e que marcou presença na sala da audiência.
A Operação Condor foi um plano do general chileno Augusto Pinochet que coordenou a repressão da oposição política nas décadas de 1970 e 1980 por parte, principalmente, dos regimes ditatoriais de Chile, Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia.
O único boliviano é o ex-ministro de Interior Luis Arce Gómez, enquanto o ex-presidente Luis García Meza segue acusado, mas não foi processado porque o tribunal romano não recebeu resposta a suas notificações.
Os chilenos são Juan Manuel Guillermo Sepúlveda Contreras, ex-chefe da Dina (aparelho repressor de Pinochet); Daniel Aguirre Mora, ex-prefeito da polícia; e o militar Sergio Víctor Arellano Stark.
Também são processados os chilenos Pedro Octavio Espinoza Bravo (brigadeiro); o ex-policial Carlos Luco Astroza; o coronel Marcelo Luis Moren Brito, o suboficial Orlando Moreno Vásquez, o coronel Hernán Jerónimo Ramírez, o coronel Rafael Francisco Ahumada Valderrama, o ex-comandante Luis Joaquín Ramírez Pineda e o brigadeiro Manuel Vásquez Chahuan.
Os peruanos são o ex-presidente Francisco Morales Bermúdez, o coronel Martín Martínez Garay e os generais Germán Ruiz Figueroa e Pedro Richter Prada.