Fernando de la Rúa fala em Buenos Aires: O ex-presidente pode receber uma pena de até seis anos de prisão (Fabian Gredillas/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2012 às 20h23.
Buenos Aires - O ex-presidente da Argentina, Fernando de La Rúa, é o principal acusado do julgamento por suposto suborno ao Senado para a aprovação de uma polêmica reforma trabalhista, em 2000, que começa na terça-feira.
Este será o segundo julgamento na história da democracia argentina contra um ex-líder do país. O primeiro foi Carlos Menem, acusado de suposto contrabando de armas a Croácia e Equador, mas que acabou absolvido.
Além de De la Rúa, que ficou no governo de 1999 a 2001, outras sete pessoas serão réus no processo. Os juízes Gerardo Larrambebere, Miguel Pons e Guillermo Gordo serão os responsáveis pelo julgamento.
O ex-presidente, que renunciou ao cargo em dezembro de 2001 após a severa crise econômica que assolou a Argentina, pode receber uma pena de até seis anos de prisão, assim como os demais réus.
Entre os acusados estão o ex-diretor da Secretaria de Inteligência do Estado, (Side, serviço secreto) Fernando de Santibáñez, e o ex-ministro do Trabalho, Alberto Flamarique, assim como o ex-secretário parlamentar Mario Pontaquarto, que confessou ter levado em uma mala o dinheiro para praticar o suborno.
Os ex-senadores do Partido Justicialista Alberto Tell, Augusto Alasino, Remo Constanzo e Ricardo Branda também serão submetidos ao julgamento.
De la Rúa, Flamarique, De Santibáñez e Pontaquarto são acusados de pagar os subornos, enquanto os ex-senadores também respondem por suborno, mas por suposta cobrança.
A Câmara Federal de Apelações de Buenos Aires considerou, em 2009, que o pagamento de subornos no Senado em 2000 para aprovar uma reforma trabalhista ''foi um ato do governo liderado por Fernando de la Rúa como presidente''.
Em novembro de 2007, Pontaquarto confirmou, em uma acareação judicial com De la Rúa, que o ex-governante deu o sinal verde para os pagamentos de subornos que somavam US$ 4,3 milhões (R$ 9,4 milhões).
O julgamento será iniciado amanhã e deve se prolongar por seis meses. Cerca de 340 testemunhas serão ouvidas.
O ex-vice-presidente da Argentina e ex-presidente do Senado, Carlos Álvarez, que renunciou em outubro de 2000 por causa das denúncias de suborno, será uma das testemunhas, assim como a atual presidente, Cristina Kirchner, que na época era senadora e votou contra a reforma trabalhista.