Equador: Soldados montam guarda em um posto de controle durante uma operação conjunta entre a Polícia Nacional do Equador (Paola Lopez e Santiago Piedra Silva/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 4 de março de 2024 às 14h46.
Última atualização em 4 de março de 2024 às 14h47.
O gabinete da procuradoria-geral do Equador informou, nesta segunda-feira, que mais de 12 pessoas, incluindo membros do poder judiciário e políticos, foram detidas em uma ampla operação sobre o crime organizado.
As prisões fazem parte da chamada investigação “Metástase”, que já havia detido funcionários do Judiciário em dezembro.
Na província costeira de Guayas, no sudoeste do país, foram feitas buscas em casas e escritórios de juízes, de um ex-deputado e de uma ex-presidente do tribunal local de Justiça, indicou o órgão acusador no X (antigo Twitter). O caso denominado “Purga” surgiu da operação Metástase, descrita por Diana Salazar, procuradora-geral, como a “pedra angular da narcopolítica” do Equador.
Juízes, políticos, promotores, policiais e um ex-diretor da autoridade penitenciária, além de muitos outros membros de altas esferas do poder, são acusados de beneficiar organizações criminosas em troca de dinheiro, ouro, apartamentos e outros luxos. Entre as evidências encontradas na casa do ex-legislador estão duas armas de fogo, relógios Rolex, licores, joias, documentos, 7,5 mil dólares (R$ 37 mil) e 505 euros (R$ 2,7 mil).
— Temos elementos que evidenciam a necessidade de limpar o sistema judicial para nos livrarmos da corrupção e da profunda decomposição estrutural da qual temos sido testemunhas nos últimos meses — disse Salazar em vídeo divulgado pela Procuradoria. Ela indicou que os detidos são suspeitos de “permitir que a política legislativa, a Justiça e o narcotráfico trabalhem juntos”.
Diante de uma violenta investida de grupos do narcotráfico, o presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou o país em “conflito armado interno” e classificou cerca de 20 organizações criminosas como “terroristas”. Desde então, cerca de 65 toneladas de drogas foram apreendidas no país, localizado entre Colômbia e o Peru, os dois principais produtores mundiais de cocaína.
Em agosto, o candidato presidencial Fernando Villavicencio foi assassinado, um jornalista investigativo que havia revelado vários escândalos de corrupção que atingiram altas autoridades governamentais. Dias antes de morrer, Villavicencio havia sido ameaçado por Adolfo “Fito” Macías, chefe de uma das principais organizações criminosas do país, que em janeiro fugiu de uma prisão em Guayaquil, onde cumpria 34 anos de prisão por crime organizado, narcotráfico e assassinato. O mafioso ainda não foi recapturado.