Marine Le Pen: para os juízes, os ataques dos dois candidatos chegaram a um nível "inédito" (Getty Images)
EFE
Publicado em 3 de março de 2017 às 14h20.
Paris - A União Sindical de Magistrados (USM), a principal organização dos juízes franceses, denunciou nesta sexta-feira os ataques "puramente políticos" que recebem de dois dos principais candidatos à presidência da França, Marine le Pen e François Fillon, ambos alvo de investigações.
Frente às exigências da líder da Frente Nacional (FN) e do candidato de direita de que os procedimentos judiciais contra eles sejam suspensos, a USM insistiu que "é normal na democracia" que os magistrados continuem com suas investigações, "sejam quais forem as pessoas e a situação eleitoral".
A USM afirmou em comunicado que "todas essas gesticulações, essas tentativas de desestabilizar os magistrados não são mais do que manobras de distração (...) para evitar falar dos fatos dos quais se queixam".
A organização insistiu que nem a Constituição francesa nem nenhuma lei do país contempla "uma trégua judicial" para os participantes de uma campanha eleitoral, mas sim que há regras de imunidade para os parlamentares e o presidente da República durante seu mandato.
De fato, os magistrados lembraram que Le Pen e Fillon "não são justiçáveis como os demais", já que se beneficiam de sua imunidade parlamentar enquanto esta não for suspensa.
Para os juízes, os ataques dos dois candidatos chegaram a um nível "inédito, com risco de ameaçar o Estado de direito" e são "muito inquietantes" porque partem de postulantes à presidência do país, que entre outras funções têm uma missão constitucional de ser "fiador da independência da autoridade judicial".
Le Pen se negou na semana passada, valendo-se de sua imunidade como parlamentar europeia, a comparecer a um interrogatório no processo que investiga a suposta contratção de seu guarda-costas com um emprego fictício no Parlamento Europeu.
Fillon, por sua vez, foi convocado a depor no próximo dia 15 de março pelos juízes que instruem o dossiê sobre os empregos que supostamente deu, com dinheiro público, à sua esposa e a dois de seus filhos.