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Juiz ordena que Trump preserve mensagens sobre ataque ao Iêmen enviadas por engano

Caso, que já vem sendo apontado como um dos vazamentos mais graves na História recente dos EUA, foi revelado pela The Atlantic na segunda-feira

Donald Trump: presidente dos Estados Unidos enfrenta escândalo envolvendo mensagens sobre plano de ataque ao Iêmen (AFP/AFP)

Donald Trump: presidente dos Estados Unidos enfrenta escândalo envolvendo mensagens sobre plano de ataque ao Iêmen (AFP/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 27 de março de 2025 às 20h45.

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Um juiz federal ordenou nesta quinta-feira que o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "preservasse" mensagens trocadas entre altos funcionários da Casa Branca em um bate-papo do aplicativo Signal sobre o planejamento de um ataque contra o grupo rebelde houthi no Iêmen, ao qual um jornalista foi adicionado por engano.

O juiz James Boasberg disse que ordenará "a preservação de todas as comunicações do Signal entre 11 e 15 de março". O caso foi movido pela ONG American Oversight, que faz campanha por maior transparência nos assuntos públicos.

A revista americana The Atlantic, cujo editor-chefe, Jeffrey Goldberg, foi adicionado inadvertidamente ao grupo, publicou na quarta-feira parte do conteúdo a que teve acesso para comprovar que ele continha conteúdo sigiloso. A iniciativa do jornalista ocorreu após a Casa Branca iniciar uma "operação abafa" e minimizar as informações compartilhadas no canal não-oficial, que não está sujeito a nenhum protocolo de segurança.

A conversa compartilhada pela revista mostra que o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, enviou uma mensagem às 11h41 (13h41 em Brasília) do dia 15 de março — 31 minutos antes de os primeiros jatos americanos decolarem em direção ao Iêmen — detalhando cada passo do ataque contra as posições houthis. A mensagem indicava os equipamentos que seriam utilizados (aviões F-18, drones MQ-9s e mísseis Tomahawk), a ordem de uso e como cada um seria aplicado no campo de batalha, além dos horários previstos para as ondas de ataque.

Além do cronograma detalhado por Hegseth — que a Atlantic afirma que se tivesse sido compartilhado com uma fonte hostil aos EUA, e não com um jornalista do próprio país, teria dado chance de defesa aos rebeldes e posto pilotos americanos em risco — também foi enviada no grupo informação em tempo real sobre a ofensiva. O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Michael Waltz, informou no aplicativo, às 13h48 (15h48 em Brasília), quando a missão estava em andamento, sobre desdobramentos no solo.

"Prédio desmoronou. Tinha várias identificações positivas [alvos Houthis]. Pete, Kurilla, IC, trabalho incrível", escreveu Waltz, dirigindo-se a Hegseth, ao general Michael Kurilla, e à comunidade de inteligência.

O caso, que já vem sendo apontado como um dos vazamentos mais graves na História recente do país, foi revelado pela The Atlantic na segunda-feira. Além dos nomes já citados, também estavam no grupo figuras do alto escalão como o diretor da CIA, John Ratcliffe, e o vice-presidente JD Vance.

A Casa Branca e outras autoridades republicanas não tentaram negar a existência do grupo ou que a troca de mensagens tenha acontecido. No entanto, tentaram desacreditar a revista, minimizando o conteúdo que foi publicado através do aplicativo. Mesmo após a matéria com o detalhamento exposto na conversa, Vance afirmou que houve exagero por parte do jornalista em relação ao conteúdo que havia acessado.

Waltz, que em depoimento assumiu "toda a responsabilidade" pela criação do grupo e inclusão do jornalista, também atacou a publicação via redes sociais, afirmando que as mensagens não discutiam "Nenhum local. Nenhuma fonte e método. NENHUM PLANO DE GUERRA". Em depoimento à Comissão de Inteligência da Câmara dos EUA, a diretora Nacional de Inteligência, Tulsi Gabbard, e o diretor da CIA adotaram a mesma narrativa ao afirmar que nenhuma informação confidencial foi compartilhada nos chats do Signal.

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