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Juiz boliviano ordena prisão de Evo Morales por suposto tráfico de menor

Decisão foi tomada após o ex-presidente faltar a uma audiência; bens foram congelados e ele está proibido de deixar o país

Decisão foi tomada após o ex-presidente faltar a uma audiência (AFP/AFP)

Decisão foi tomada após o ex-presidente faltar a uma audiência (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 17 de janeiro de 2025 às 18h02.

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Um juiz boliviano ordenou a prisão de Evo Morales após o ex-presidente não comparecer, pela segunda vez, a uma audiência sobre um caso de tráfico de menor ocorrido durante seu governo (2006-2019).

“Determina-se (que) um mandado de prisão seja emitido contra o acusado (Evo Morales)”, afirmou Nelson Rocabado, juiz de Tarija (sul), nesta sexta-feira (17). A decisão foi anunciada durante uma audiência transmitida pelo canal estatal Bolivia TV.

O Ministério Público, que acusou formalmente Morales pelo crime de tráfico de pessoas, já havia intimado o ex-presidente em outubro de 2024, durante a fase de investigação, para que ele fosse depor em uma sede do MP.

A nova ordem de captura tem como objetivo levar Morales ao juiz responsável pelo caso.

Defesa rejeitada e novos desdobramentos

Durante a audiência desta sexta-feira, o magistrado classificou Morales como "rebelde" e declarou que o julgamento será suspenso até que ele se apresente. “O julgamento será suspenso até que ele se apresente”, explicou Sandra Gutiérrez, promotora do caso.

Além disso, o juiz determinou o congelamento dos bens de Morales e proibiu que ele saia da Bolívia.

A audiência deveria ter ocorrido na terça-feira, mas Morales não compareceu. Seus advogados alegaram problemas de saúde e apresentaram laudos que indicavam broncopneumonia e bradicardia. Contudo, o magistrado rejeitou os documentos apresentados pela defesa.

De acordo com Gutiérrez, os diagnósticos “não são impedimentos jurídicos válidos” para justificar a ausência do ex-presidente.

Acusações de tráfico de pessoas

Segundo o Ministério Público, Morales começou um relacionamento com uma jovem de 15 anos em 2015, quando ainda era presidente. Os pais da jovem, segundo a promotoria, consentiram na união em troca de benefícios, o que resultou no nascimento de uma filha em 2016.

A investigação aponta que os pais da menor inscreveram-na na "guarda juvenil" de Morales, supostamente com o objetivo de ascender politicamente e obter vantagens.

Morales, que hoje tem 65 anos, nega as acusações e argumenta que a investigação pelos mesmos fatos foi arquivada em 2020. Naquela ocasião, ele foi investigado por estupro, crime que envolve relação sexual com menores de 14 a 18 anos. Desta vez, o foco da promotoria está no suposto tráfico de pessoas.

Caso seja condenado, Morales pode enfrentar uma pena de 10 a 15 anos de prisão, conforme o Ministério Público.

Paradeiro e proteção política

Embora o paradeiro de Morales seja conhecido — ele está em Cochabamba desde setembro —, a polícia ainda não executou a ordem de prisão. Segundo aliados, ele está protegido por seus partidários, que teriam criado "anéis de segurança" para impedir sua detenção.

“A segurança do irmão Evo, neste momento, está a cargo de mais de 2.000 pessoas, todos os dias e 24 horas”, afirmou Vicente Choque, da Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses da Bolívia, à AFP.

Desde que o caso veio à tona, Morales afirma ser vítima de uma “brutal guerra jurídica” supostamente orquestrada pelo governo de Luis Arce, seu ex-ministro e ex-aliado.

Morales e Arce disputam a liderança do partido governista e a candidatura presidencial da esquerda. Segundo Morales, Arce busca “eliminá-lo” da vida política, em um movimento que inclui a decisão judicial de limitar a reeleição na Bolívia a dois mandatos consecutivos.

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