EUA: Pence, que é evangélico, pediu uma oração pelas vítimas como um "líder da comunidade judaica em Michigan" (Joshua Roberts/Reuters)
AFP
Publicado em 30 de outubro de 2018 às 15h51.
Os judeus americanos, chocados com o massacre de 11 pessoas em uma sinagoga em Pittsburgh, expressaram indignação nesta terça-feira (30) depois de o vice-presidente Mike Pence organizar um evento eleitoral com o chamado "rabino cristão".
Vários rabinos consideraram o ato ofensivo.
Pence participou na segunda-feira à noite de um comício de campanha para Lena Epstein, uma republicana judia que concorre à Câmara de Representantes, nos subúrbios de Detroit, Michigan.
No ato, Loren Jacobs, que usa o título de "rabino", mas defende o cristianismo, foi convidado a falar em nome da comunidade judaica da região.
Ao invés de começar seu discurso com orações aos 11 judeus mortos a tiros no sábado na sinagoga da Árvore da Vida, Jacobs elogiou Jesus Cristo e, então, ofereceu orações a quatro candidatos republicanos.
No final, Pence, devoto cristão e herói dos evangélicos, convidou Jacob a fazer uma oração pelas vítimas como um "líder da comunidade judaica em Michigan".
Jacobs ofereceu palavras às vítimas na forma de uma oração a Jesus Cristo, sem nomear nenhuma delas.
"O 'judaísmo' messiânico é um ramo do cristianismo e ofensivo à comunidade judaica. Lena Epstein sabia disso, assim como Pence e sua equipe. Não foi um ato ecumênico, foi uma manifestação política ofensiva", disse Jason Miller, um rabino do Detroit, observando que existem mais de 60 rabinos oficiais em Michigan.
O movimento do "judaísmo messiânico" promove a conversão dos judeus ao cristianismo. Um grupo deste movimento se intitula "Judeus por Jesus". Tem forte apoio dos cristãos evangélicos, uma pedra angular da base eleitoral do presidente Donald Trump e dos republicanos.