Juan Guaidó, que se proclamou presidente interno da Venezuela e ganhou amplo apoio internacional (Carlos Becerra/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 07h09.
Representantes do presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, anunciaram na quinta-feira, 14, durante conferência da Organização dos Estados Americanos (OEA), ter arrecadado mais de US$ 100 milhões em ajuda humanitária para o povo venezuelano.
A prioridade é fazer com que as doações cheguem à Venezuela no dia 23, conforme vem anunciando Guaidó, que foi reconhecido por quase 50 países como presidente interino.
Segundo David Smolansky, um dos nomes de oposição e parte da delegação de Guaidó na OEA, vários países se comprometeram com doações e logística para apoiar a chegada de ajuda humanitária à Venezuela.
Os mais de US$ 100 milhões representam a soma do que já havia sido anunciado por nações como EUA e Canadá e novos compromissos de doação, feitos hoje, segundo a delegação venezuelana.
"Arrecadamos US$ 100 milhões de dólares e isso demonstra a solidariedade para a luta democrática na Venezuela. Essa é uma pequena parte de tudo que podemos alcançar uma vez que acabe a usurpação (de poder por Nicolás Maduro)", afirmou o embaixador de Guaidó nos EUA, Carlos Vecchio. "Não há forma de resolver a profunda crise se não cessarmos a ditadura."
Desde o reconhecimento de Guaidó por parte da comunidade internacional como presidente interino da Venezuela, países começaram a anunciar valores disponíveis para remédios e alimentos. Os EUA já haviam oferecido US$ 20 milhões para ajuda humanitária à Venezuela e o Canadá anunciou o equivalente a US$ 40 milhões. Além dos dois países, Alemanha, Holanda, Reino Unido, e Taiwan se comprometeram com as doações, segundo os venezuelanos.
O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, disse que outras conferências como esta serão organizadas pela Venezuela. "A ajuda humanitária que a Venezuela mais precisa é uma mudança de regime, é a saída da ditadura usurpadora", afirmou.
Os representantes de Guaidó convidaram empresários, diplomatas, especialistas e ONGs de 60 países para o que chamaram de Conferência Mundial da Crise Humanitária da Venezuela, organizada na sede da OEA, em Washington. A organização do evento chegou a anunciar a participação de Guaidó em transmissão ao vivo no encerramento da conferência, mas a conexão não funcionou.
Lester Toledo, um dos nomes da oposição a Maduro e representante de Guaidó, disse que a entrada dos alimentos e remédios será feita por meio dos venezuelanos.
"Gente, gente e mais gente, organizadas, pacíficas", afirmou Toledo. Uma das pontes por onde a ajuda humanitária entraria na semana passada foi bloqueada. O governo Maduro acusa os EUA de pretenderem usar a entrada da ajuda para um golpe de estado e a vice Delcy Rodríguez chegou a afirmar que os produtos enviados pela comunidade internacional eram contaminados e cancerígenos.
O chanceler de Maduro, Jorge Arreaza, disse ontem na ONU que o governo estava criando um grupo de 50 países para denunciar o que consideram a ameaça de uma invasão militar dos EUA. Arreaza esteve acompanhado de diplomatas de países como Rússia, China, Cuba e Nicarágua.
Na OEA, os representantes de Guaidó agradeceram os governos do Brasil e da Colômbia pelo apoio logístico para armazenar a ajuda humanitária.