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Jovem fica cego em protestos no Chile, e ONG aponta excessos da polícia

Caso de Gatica se tornou um símbolo entre as mais de 200 pessoas que sofreram ferimentos nos olhos nos protestos que começaram no dia 18 em outubro passado

Chile: Human Rights Watch Organization (HRW) constatou violações "sérias" dos direitos humanos pelas forças policiais e recomendou a reforma da instituição (Ivan Alvarado/Reuters)

Chile: Human Rights Watch Organization (HRW) constatou violações "sérias" dos direitos humanos pelas forças policiais e recomendou a reforma da instituição (Ivan Alvarado/Reuters)

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AFP

Publicado em 27 de novembro de 2019 às 06h37.

Última atualização em 27 de novembro de 2019 às 06h39.

Um estudante universitário de 21 anos se tornou o primeiro chileno a ficar totalmente cego por balas disparadas por policiais de choque durante protestos que ocorrem no Chile há mais de um mês, segundo um relatório médico divulgado nesta terça-feira (26).

Gustavo Gatica, um estudante de psicologia, ficou ferido enquanto fotografava uma manifestação em 8 de novembro na Plaza Italia - o centro dos protestos em Santiago -, com a presença de cerca de 75 mil pessoas.

O jovem foi transferido para a clínica de Santa María, no bairro de Providencia, onde foi diagnosticado pela primeira vez que havia perdido a visão de um dos olhos e que o outro estava em perigo.

"Gustavo Gatica Villarroel receberá alta da Clínica Santa María, após 17 dias na instituição. A gravidade de seus ferimentos determina que sua condição é visão zero bilateral permanente", afirmou o relatório médico divulgado pela unidade hospitalar.

Após sair da clínica, a recuperação do jovem será acompanhada por uma equipe multidisciplinar, que inclui acompanhamento psicológico e psiquiátrico.

A diretora de Direitos Humanos da polícia, Karina Sosa, lamentou muito a situação do estudante e prometeu a colaboração dos Carabineros na investigação deste caso, realizada pela justiça chilena.

O caso de Gatica se tornou um símbolo entre as mais de 200 pessoas que sofreram ferimentos nos olhos, muitas delas com a perda de visão provocadas pelos fragmentos das balas não letais disparadas pela polícia para dispersar os manifestantes nos protestos que começaram no dia 18 em outubro passado.

Nesta terça-feira, a Human Rights Watch Organization (HRW) constatou violações "sérias" dos direitos humanos pelas forças policiais e recomendou a reforma da instituição. Anteriormente, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a Anistia Internacional apontaram violações cometidas pelos agentes de segurança.

"Por Gustavo e todos os jovens que perderam a visão por meio de agentes do Estado, exigimos a saída do general (Mario) Rozas - diretor do Departamento de Polícia - e o fim da repressão. Insistimos: não são eventos isolados, é uma política do Estado", segundo comunicado da Universidade Academia de Humanismo Cristão, na qual Gatica estuda.

Embora a Polícia tenha anunciado, na semana passada, o fim do uso desse tipo de armamento, a Cruz Vermelha Chilena informou que continuou a atender pessoas feridas por esses objetos durante os protestos.

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