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José Maria Marin é condenado a quatro anos de prisão nos EUA

Em dezembro do ano passado, o ex-presidente da CBF foi considerado culpado nos EUA por seis de sete crimes de corrupção

Marín: o dirigente só foi absolvido da acusação de lavagem de dinheiro referente à Copa de 2014 (Rafael Ribeiro/CBF/Divulgação)

Marín: o dirigente só foi absolvido da acusação de lavagem de dinheiro referente à Copa de 2014 (Rafael Ribeiro/CBF/Divulgação)

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AFP

Publicado em 22 de agosto de 2018 às 15h09.

Última atualização em 22 de agosto de 2018 às 16h11.

O ex-presidente da CBF José Maria Marin foi sentenciado nesta quarta-feira a quatro anos de prisão por uma juíza federal de Nova York, que o acusou de ser "um câncer" que corrompeu o esporte no Brasil e no mundo.

Marin, de 86 anos, primeiro grande mandatário do futebol mundial a ser condenado e preso nos Estados Unidos em meio ao escândalo de corrupção na Fifa, "poderia e deveria ter dito não, mas em vez disso estendeu a mão e se uniu ao jogo" de aceitar propinas, declarou a juíza Pamela Chen ao anunciar a sentença.

O ex-presidente da CBF recebeu 3,3 milhões de dólares em propinas de empresas de marketing esportivo em troca da concessão de contratos para a transmissão das copas Libertadores, América e do Brasil, além de ter "buscado obter mais de 10 milhões de dólares em subornos em três anos, abusando da confiança das federações de futebol a quem deveria servir", explicou Chen.

Além de servir quatro anos de prisão, Marin também foi condenado a pagar 1,2 milhão de dólares de multa e devolver 3,3 milhões em propinas que recebeu.

Marin compareceu ao julgamento vestindo um traje de presidiário bege em vez do elegante terno que usou durante as sete semanas de julgamento, com o cabelo mais longo e a postura mais curvada.

Descontrole e sentença

O ex-mandatário não quis pedir perdão nem mostrou remorso, mas afirmou lamentar que seus atos tenham prejudicado algumas pessoas ou entidades.

E, ao falar da esposa Neusa, com quem é casado há quase 60 anos e que estava presente durante o julgamento, Marin não conteve as lágrimas e se descontrolou.

Seus advogados e a juíza tentaram impedir que prosseguisse, mas o ex-dirigente continuou: "A herança de minha mulher e de da minha família, não tirem deles seu meio de sobreviver!", gritou, em referência às multas e restituições que terá que pagar.

Marin afirmou que o futebol era seu grande amor, mas, desde que foi preso em 27 de maio de 2015 na Suíça, se tornou "um pesadelo", tornando a vida de sua família num "inferno".

Marin foi um dos dirigentes da Fifa detidos no dia 27 de maio de 2015 em um hotel de luxo de Zurique pela polícia suíça, a pedido da justiça dos Estados Unidos.

Depois de passar cinco meses em uma prisão suíça e ser extraditado aos Estados Unidos, pagou uma fiança de 15 milhões de dólares e passou dois anos em prisão domiciliar, em seu apartamento na luxuosa Trump Tower na Quinta Avenida de Nova York, de onde saía apenas duas vezes por semana para comparecer à missa.

Marin foi preso imediatamente em Nova York após sua condenação, anunciada em 22 de dezembro de 2017. Após sete semanas de julgamento no tribunal do Brooklyn, um júri popular o considerou culpado de seis das sete acusações de associação criminosa, lavagem de dinheiro e fraude bancária.

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