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Jornalistas franceses contam como sobreviveram “ao inferno sírio”

O jornal francês Le Figaro classifica a fuga dos jornalistas como uma história digna de romances de aventura

Bairros de Homs sendo violentamente bombardeados (AFP)

Bairros de Homs sendo violentamente bombardeados (AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2012 às 11h12.

São Paulo - Depois de nove dias em Homs, na Síria, os jornalistas franceses Edith Bouvier e William Daniels finalmente conseguiram chegar ao Líbano e, de lá, partiram para Paris. O jornal francês Le Figaro, onde Edith era jornalista, publicou hoje uma reportagem sobre a fuga dos jornalistas do "inferno sírio".

Todos os dias, da casa onde os jornalistas estavam, chamada de media center, era possível ver os incessantes bombardeios. "Havia pelo menos cinco explosões sucessivas, muito perto. Parecia que [os foguetes] tinham sido encaminhados diretamente para nós", disseram William e Edith à publicação.

E provavelmente tinham mesmo. Os jornalistas contam que um dos ataques atingiu a casa e, com o impacto, a porta foi lançada para dentro. Neste momento, Edith sentiu que não podia mover as pernas. Ela sofreu uma lesão no fêmur e foi levada para um hospital improvisado pelo exército sírio livre.

Nesse ataque, foram mortos o fotógrafo independente francês Rémi Ochlik e a repórter americana Marie Colvin, que trabalhava para o britânico 'The Sunday Times'. Além disso, o fotógrafo britânico Paul Conroy também se feriu.

Depois de um raio-x, a fuga era inevitável. O jornal conta que Edith era o caso mais grave entre os feridos. Sem atendimento, ela poderia ter um coágulo que, chegando ao coração, poderia matá-la. No dia seguinte, a jornalista fez um apelo, através de um vídeo no YouTube para ser tirada do bairro de Baba Amr, na cidade de Homs. Nos dias seguintes, os jornalistas tentaram deixar o local, sem sucesso.

Com ataques cada vez mais agressivos e sem ajuda da Cruz Vermelha, os feridos foram transportados para fora do hospital improvisado e usariam um túnel com 1,60 metro de altura para deixar a cidade. "Havia dezenas e dezenas de feridos. Foi então que eu percebi as terríveis feridas dos outros feridos e eu estava longe de ser a mais afetada ", disse Edith. A jornalista foi presa em uma maca com fita adesiva e precisou ser transportada pelo caminho difícil.

Sem luz e em condições precárias, o comboio seguiu pelo túnel, que passou a ser atingido por tiros e fogo provocado pela artilharia síria. Os dois ficaram presos na parte de dentro. É quando surge um "anjo em uma motocicleta" para ajudá-los a escapar. Com a saída bloqueada, eles voltam e tentam uma nova rota, desta vez, de carro.

Depois de quatro dias e quarenta quilômetros, o grupo consegue chegar à fronteira libanesa. "Eles realmente se colocaram em perigo por nós. Eles fizeram tudo por nós", disse a jornalista.

Em um discurso que recepcionou os jornalistas, o presidente da França Nicolas Sarkozy disse que 'as autoridades sírias terão que prestar contas de seus crimes perante a jurisdição penal internacional".

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