Mundo

Jornalista russo morre em ataque no leste da Ucrânia

Morte se deu durante um ataque que ameaça agravar a tensão entre Moscou e Kiev, depois da interrupção do fornecimento de gás à Ucrânia pela Rússia


	Imagem da cidade de Kiev, na Ucrânia
 (Divulgação/Skybox)

Imagem da cidade de Kiev, na Ucrânia (Divulgação/Skybox)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2014 às 16h00.

Um jornalista russo foi morto nesta terça-feira no leste separatista da Ucrânia durante um ataque que ameaça agravar a tensão entre Moscou e Kiev, depois da interrupção do fornecimento de gás à Ucrânia pela Rússia.

Após os primeiros contatos diretos entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o chefe de Estado ucraniano pró-ocidental Petro Porochenko, a tensão aumentou no últimos fim de semana.

A crise do gás e a derrubada de um avião militar ucraniano (49 mortos) alimentaram as declarações hostis de ambas as partes.

Além disso, um gasoduto ucraniano que abastece a Europa com gás russo explodiu nesta terça-feira na região de Poltava (nordeste), sem causar vítimas, segundo o Ministério ucraniano do Interior.

E, apesar de não ter afetado a passagem de gás para a Europa, o ministro ucraniano do Interior, Arsen Avakov, falou da possibilidade de "sabotagem russa".

Igor Korneliuk, um jornalista do canal público russo VGTRK, foi ferido no abdômen por estilhaços de uma granada ou mina, e não resistiu aos ferimentos, falecendo no hospital de Lugansk, um dos redutos da insurreição separatista pró-Moscou.

O Ministério russo das Relações Exteriores denunciou "um novo crime das forças ucranianas" e pediu que "a imprensa do mundo inteiro reaja imediatamente".

A responsável pela questão da liberdade de imprensa da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), Dunja Mijatovic, disse em um comunicado que está "profundamente entristecida" com essa morte.

"Ele chegou ao hospital inconsciente e morreu quando era levado à sala de cirurgia", declarou um médico do hospital, Fedir Solianik.

Um porta-voz dos separatistas em Lugansk afirmou por telefone à AFP que o Igor Korneliuk e o técnico de som, Anton Volochin, foram atingidos durante um ataque com granada das forças ucranianas perto da fronteira com a Rússia.

A fonte não soube revelar o destino do técnico de som e de 15 rebeldes que estavam com a equipe de TV no momento do ataque.

Korneliuk é o segundo jornalista morto no leste da Ucrânia desde o início das operações militares ucranianas, em 13 de abril. O fotógrafo italiano Andrea Rocchelli também morreu perto de Slaviansk no fim de maio, ao lado do auxiliar russo Andrei Mironov.

A porta-voz do Ministério ucraniano do Interior, Natalia Stativko, indicou que não fará declarações "enquanto os nossos especialistas não concluírem as investigações necessárias".

"Gás estocado"

No dia seguinte ao corte de gás decidido por Moscou, o presidente da empresa ucraniana Naftogaz, Andrei Kobolev, afirmou que a população de 46 milhões do país não deve temer uma escassez, apesar de a Rússia ter reduzido a zero o fornecimento de gás e enviar volumes destinado apenas aos países europeus.

"Acredito que os consumidores não serão afetados de forma alguma", disse.

"Sobre a possibilidade de a Naftogaz fornecer gás (aos consumidores), há gás na reserva", completou, sem entrar em detalhes.

A Ucrânia afirma que deseja implementar "fluxos invertidos" para receber parte do gás russo que os países europeus importam. O primeiro-ministro Arseni Yatseniuk declarou no Parlamento que "um pequeno volume de fluxos invertidos" começou a ser produzido.

"Pequenos volumes de fluxos invertidos são insuficientes para fornecer gás à Ucrânia, mas quando tivermos fluxos maiores, o fornecimento pode ser da ordem de 15 bilhões de metros cúbicos. Este volume é suficiente para fornecer gás a Ucrânia" disse Yatseniuk.

Quase metade do gás que a Rússia exporta para a Europa - 15% do consumo europeu - transita por território ucraniano.

Uma porta-voz do Ministério ucraniano da Energia, Olena Michtchenko, declarou à AFP que o ministro da Energia, Iuri Prodan, e o presidente da Naftogaz vão se reunir nesta terça em Budapeste durante um fórum sobre energia.

"Nossa delegação vai discutir com a União Europeia", declarou por sua vez o primeiro-ministro.

"Algumas companhias europeias estão prontas para nos fornecer gás. Elas propõem à Ucrânia gás a 320 dólares" os 1.000 m3, declarou na segunda-feira o CEO da Naftogaz Andriï Kobolev.

500 milhões de euros em ajuda

Mas o CEO da gigante russa Gazprom já indicou que esse fornecimento é ilegal, algo negado nesta terça por uma porta-voz do Comissário Europeu da Energia.

A Comissão Europeia também anunciou nesta terça-feira o desbloqueio de 500 milhões de euros para ajudar a Ucrânia a atender suas necessidades de financiamento, principalmente para a compra de gás de empresas europeias.

"Há oportunidades (para a Ucrânia) de comprar gás dos europeus", assegurou.

O primeiro-ministro ucraniano afirmou na semana passada que seu país também pretende diversificar os seus fornecimentos de gás através da compra na Polônia, Hungria e Eslováquia.

A Rússia cortou na segunda-feira o gás fornecido à Ucrânia, após o fracasso das negociações sobre o preço do gás russo fornecido ao país e ao pagamento da dívida acumulada por Kiev, equivalente a US$ 4,5 bilhões.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEuropaMortesRússiaUcrânia

Mais de Mundo

Justiça da Bolívia retira Evo Morales da chefia do partido governista após quase 3 décadas

Aerolineas Argentinas fecha acordo com sindicatos após meses de conflito

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA