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Jornalista é assassinado em comunidade indígena do leste do México

Jornalista contou ter recebido ameaças e pediu proteção das autoridades, mas não teve resposta

Loja de armas: Brasil ficou em último em ranking de satisfação com segurança (nixki/Thinkstock/Thinkstock)

Loja de armas: Brasil ficou em último em ranking de satisfação com segurança (nixki/Thinkstock/Thinkstock)

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AFP

Publicado em 1 de julho de 2018 às 11h53.

José Guadalupe Chan, repórter da revista digital Playa News, do estado mexicano de Quintana Roo (leste), foi assassinado a tiros - informaram neste sábado (30) a Promotoria e o veículo para o qual ele trabalhava, elevando para seis o total de jornalistas assassinados no México em 2018.

Chan estava em um bar da comunidade indígena de Felipe Carrillo Puerto, quando foi atacado por um desconhecido.

"A causa da morte foi por impactos de bala", declarou a Promotoria de Quintana Roo em um comunicado.

Um amigo de Chan que estava no local do homicídio relatou para o semanário que o agressor entrou no bar, aproximou-se do jornalista e atirou três vezes nele.

O diretor do semanário digital, Rubén Pat, disse à AFP por telefone que Chan recentemente lhe contou ter recebido ameaças e que pediu proteção às autoridades, sem resposta.

"O crime pode estar ligado a seu trabalho. Sempre cobriu as páginas policiais", acrescentou Pat.

Chan tinha 35 anos, era casado e tinha duas filhas, segundo Pat. Trabalhava como correspondente do Playa News, cuja sede se localiza na turística Riviera Maya, vizinha do balneário de Cancún.

A última matéria enviada por ele, na sexta, foi sobre o assassinato de um simpatizante do governista PRI em uma comunidade próxima.

O crime foi condenado pelo escritório no México do Alto Comissariado da ONU. Em nota, o órgão pediu às autoridades que "conduzam uma investigação exaustiva e imediata" e que se considere "a atividade jornalística" de Chan entre os possíveis motivos para o crime.

O governo de Quintana Roo afirmou, em um comunicado, que pediu à Promotoria para realizar "uma investigação a fundo" e reiterou "seu respeito pela liberdade de expressão".

Depois da notícia do assassinato de Chan, um pequeno grupo de profissionais da imprensa fez um protesto na frente da prefeitura de Playa del Carmen, na Riviera Maya, aos gritos de "Justiça!" e com cartazes que diziam "não se cala a verdade matando jornalistas".

A representação no México da ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) informou à AFP que já registrou o assassinato de Chan, ao mesmo tempo em que pediu às autoridades estatais e federais que investiguem o crime, "aprofundando, em particular, em seu trabalho".

"É um assassinato muito grave. Sabemos que Chan havia recebido ameaças seis dias antes e que havia tentado buscar alguma proteção, mas não sabemos se houve resposta", afirmou Balbina Flores, representante da RSF no México.

Esses crimes acontecem na véspera das eleições gerais de domingo, com a disputa de mais de 18.000 cargos, entre eles presidente e deputados federais.

O México é um dos países mais perigosos para o exercício do jornalismo. Em 2017, 11 profissionais foram mortos e, desde 2000, já são mais de 100, de acordo com números de organizações de defesa da liberdade de expressão.

A grande maioria desses crimes ficou impune.

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