Emiliano Fittipaldi: o jornalista lamentou que "no Vaticano um jornalista possa ser julgado simplesmente por fazer perguntas" (Alessandro Bianchi / Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de março de 2016 às 14h05.
Cidade do Vaticano - O jornalista italiano Emiliano Fittipaldi, acusado de filtragem e publicação de documentos do Vaticano reservados, considerou nesta terça-feira que a acusação contra ele e outro jornalista foi "completamente" desmontada.
Fittipaldi disse, após sair do tribunal que o julga e depois da realização de uma nova audiência a portas fechadas, que o interrogatório ao sacerdote espanhol Lúcio Vallejo Balda, também acusado, entre ontem e hoje "desmontaram completamente as acusações que o Vaticano tem" contra os dois profissionais.
O jornalista sustentou que foi demonstrado que nenhum dos dois acusados pressionou o sacerdote espanhol para que filtrasse documentos secretos no caso conhecido como "Vatileaks 2".
"Balda disse que não teve pressões e nem ameaças (...). Às questões reiteradas tanto dos juízes como dos advogados, não deu nenhum exemplo concreto daquilo que eu e (Gianluigi) Nuzzi fizemos para ter acesso a uma série de documentos que depois terminaram em nossas mãos", afirmou.
O jornalista lamentou que "no Vaticano um jornalista possa ser julgado simplesmente por fazer perguntas", o que qualificou de "inaceitável".
"Estamos sendo processados por termos feito perguntas. Eu estou sendo processado porque fiz algumas perguntas ao secretário da Prefeitura econômica", acrescentou em relação a Balda.
Balda é o único acusado sobre o qual pesa uma medida cautelar: foi detido em 1 de novembro na Gendarmaria, em 23 de dezembro foi posto sob prisão domiciliar e agora o Vaticano voltou a encarcerá-lo por se comunicar com o exterior.
O sacerdote espanhol foi secretário da extinta Comissão investigadora dos organismos econômicos e administrativos da Santa Sé (COSEA), de onde procedia a maior parte dos arquivos revelados.
Neste processo penal é investigada a filtragem e publicação de documentos reservados de caráter financeiro e nele estão acusadas cinco pessoas: os dois jornalistas que divulgaram os documentos em seus livros, Nuzzi e Fittipaldi, Balda, a italiana Francesca Chaouqui e o administrativo Nicola Maio.