Uma mulher lê um exemplar do jornal cubano Granma: "o que muda agora é o cenário e as nuances", disse o Partido Comunista (Adalberto Roque/AFP)
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2015 às 15h47.
Havana - O jornal oficial Granma pediu nesta quinta-feira aos cubanos que não sejam ingênuos ante os Estados Unidos, após a aproximação histórica entre os dois países anunciada em dezembro, e que mantenham a "firmeza" ideológica.
"O que muda agora é o cenário e as nuances, o que exigirá serenidade e reflexão do nosso povo, e ainda assim manter, frente ao novo processo que se inicia, a firmeza que sempre nos caracterizou", disse o jornal do Partido Comunista (único).
Em 17 de dezembro, os presidentes Barack Obama e Raul Castro fizeram o anúncio histórico de que os dois países restauraram suas relações diplomáticas depois de meio século.
E em 22 de janeiro, foi realizada em Havana a primeira rodada de conversações de alto nível bilaterais em 35 anos.
"Não podemos ser ingênuos frente aos desafios atuais e ignorar a natureza divergente das relações entre os dois governos, muito menos ignorar o fato de que se destina, a partir do território americano, corroer as instituições revolucionárias através de diferentes métodos, cujos fundamentos estão agora em campos ideológicos e culturais, sem abandonar o desejo de nos conduzir ao colapso econômico", insistiu o jornal.
O governo Obama disse que não há nenhuma mudança no objetivo de buscar a democratização da ilha comunista, mas sim nos métodos, porque a política de isolamento foi ineficaz.
O presidente americano relaxou em janeiro as restrições a viagens e envio de dinheiro para a ilha, e pediu ao Congresso que levantasse, por sua vez, o embargo econômico vigente desde 1962.
O Granma apelou, por fim, para "continuar a reforçar o trabalho educativo nas escolas para reforçar os valores associados ao socialismo, soberania e patriotismo".
Chamou ainda os meios de comunicação cubanos e outras instituições culturais a "estar mais alertas do que nunca para enfrentar a avalanche cultural que virá da indústria hegemônica americana do entretenimento e que pretende, às vezes, confundir o 'americano' com o 'moderno'".
"Precisamos criar uma posição crítica, inteligente, de análise, frente ao desejo de consumir a todo custo o que não é necessariamente o mais instrutivo", disse o Granma.