Lance Armstrong: na primeira etapa do Tour de France de 1999, Armstrong foi pego pelo uso de corticóides, substância que é proibida (AFP/ Joel Saget)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2013 às 11h41.
Paris - O jornal francês "Le Monde" publicou nesta segunda-feira um documento que mostra que a União Ciclística Internacional (UCI) teria encoberto um resultado positivo de exame antidoping de Lance Armstrong, durante o Tour de France de 1999, o primeiro dos sete vencidos pelo americano.
A informação é de um relatório efetuado pelos controladores da UCI durante a primeira etapa da edição, disputada no dia 4 de julho daquele ano, entre Montaigu e Chalans.
O texto publicado pelo "Le Monde" está assinado por Armstrong e o diretor de sua equipe, Johan Bruyneel. O ciclista reconhecia não estar tomando nenhum medicamento, nem estar sujeito a qualquer tratamento.
Posteriormente, quando se soube do resultado positivo, o ciclista apresentou uma receita que a UCI teria aprovado, embora, segundo a publicação francesa, não havia nenhuma data de expedição da mesma.
O "Le Monde" aponta que esta seria a receita médica que o ciclista afirmou ter falsificado para ocultar um resultado positivo, revelação feita durante entrevista na semana passada à Oprah Winfrey, no qual assumiu ter se dopado sistematicamente.
Na primeira etapa do Tour de France de 1999, Armstrong foi pego pelo uso de corticóides, substância que é proibida, mas que pode ser autorizada se existir alguma prescrição médica para seu consumo terapêutico.
O jornal citou que já em 1999 surgiram suspeitas que a receita médica apresentada pelo americano parecia falsa, já que no momento do controle, Armstrong já garantira que não passava por nenhum tratamento.
A notícia do resultado do exame antidoping positivo de Armstrong foi publicada pelo "Le Monde" em 20 de julho daquele ano, tendo recebido críticas da UCI, em particular do seu presidente o holandês Hein Verbruggen.
No dia seguinte, a entidade publicou um comunicado apoiando Armstrong, garantindo que ele tinha uma prescrição facultativa, que autorizava o uso de corticóides, embora a própria UCI não consiga apontar de quando era a receita. "A UCI protegeu um corredor aceitando um documento falsificado", aponta o jornal, que foi acusado de publicar informações "infundadas".
O próprio Armstrong considerou as informações do "Le Monde" como fruto de "intrigas" e acusou o jornal de praticar um "jornalismo de abutres".
Gilles Smadja, chefe de gabinete da então ministra francesa de Esportes, Marie-George Buffet, afirmou hoje que Verbruggen procurou o governo para protestar pela política antidoping francesa.
O ex-membro do ministério completou dizendo que que "a mentira de Armstrong talvez não existisse se as entidades internacionais do ciclismo tivessem mostrado um mínimo de lucidez e firmeza durante o Tour de 1999".
Armstrong, que perdeu suas sete vitórias seguidas no Tour de France, entre 1999 e 2005, confessou na semana passada ter se dopado, sem entrar em detalhes sobre quem o ajudou e não envolvendo UCI em qualquer caso. A entidade abriu uma comissão para investigar se o ciclista recebeu ajuda interna para ocultar o uso de doping.