O presidente da FIFA, Joseph Blatter: pouco depois de iniciado o segundo turno, o adversário de Blatter foi à tribuna e anunciou sua desistência no pleito (REUTERS/Stefano Rellandini)
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2015 às 16h17.
Zurique - O suíço Joseph Blatter foi eleito nesta sexta-feira para seu quinto mandato como presidente da FIFA após a desistência do príncipe jordaniano Ali bin al Hussein, antes mesmo da conclusão da votação em segundo turno durante o 65º Congresso da entidade.
Blatter conquistou 133 votos na primeira rodada, e se tivesse obtido mais sete, teria conseguido garantir a reeleição sem a necessidade da segunda votação. Hussein, por sua vez, teve 73 votos. Três delegados se abstiveram de votar.
Pouco depois de iniciado o segundo turno, ciente da dificuldade de reverter a vantagem do adversário, Hussein foi à tribuna e anunciou sua desistência no pleito.
"Só quero agradecer a todos, foi uma magnífica jornada", afirmou Hussein ao anunciar a renúncia à disputa pela presidência da entidade máxima do futebol mundial.
Eleito para mais quatro anos no comando da FIFA, mesmo com o escândalo de corrupção que tem abalado a imagem do órgão desde a última quarta-feira, Blatter agradeceu o apoio de seus eleitores.
"Eu disse a vocês que gosto do meu trabalho. Gosto de estar aqui. Não sou perfeito, ninguém é perfeito. Nós fizemos um bom trabalho e vamos continuar. Eu agradeço pela confiança de vocês. Vamos, FIFA!", disse o Blatter após a vitória, sem mencionar o escândalo.
"Eu trarei a FIFA de volta. Estou convencido de que faremos isso. Prometo a vocês, que no fim do meu mandato, entregarei uma FIFA mais forte para o meu sucessor", completou o dirigente suíço, visivelmente emocionado.
A reeleição de Blatter é marcada pela maior crise da história da entidade. A pedido do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, sete dirigentes da FIFA, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, foram presos pelas autoridades suíças em Zurique.
Eles são investigados por fraude, extorsão e lavagem de dinheiro, crimes cometidos durante a negociação de direitos de transmissão e marketing de competições na América Latina, incluindo a próxima edição da Copa América.
Depois das prisões, várias entidades pediram o adiamento das eleições e a renúncia de Blatter, não citado na investigação. Apesar da grande pressão, incluindo declarações de líderes políticos mundiais como o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, o presidente da FIFA manteve o pleito.
O amplo apoio de Blatter foi abalado. O presidente da Uefa, Michel Platini, aproveitou a oportunidade para praticamente declarar guerra à candidatura do suíço e garantiu pelo menos 45 votos dos delegados europeus no príncipe jordaniano. Até mesmo a hipótese de boicote à Copa do Mundo de 2018, na Rússia, foi cogitada.
As dúvidas sobre o processo eleitoral, contudo, começaram muito antes da eclosão da crise. Dois dos candidatos - o ex-jogador português Luis Figo e o presidente da Federação Holandesa de Futebol, Michal van Praag - desistiram na semana anterior ao pleito.
Figo afirmou que a votação seria um plebiscito para reafirmar o poder de Blatter na entidade. Já o holandês criticou o presidente reeleito por denegrir a imagem da FIFA no mundo.
Esta foi a segunda vez que Blatter não venceu o pleito em primeiro turno. Em 1998, o desafiante foi o então presidente da Uefa, Lennart Johansson, que levou a eleição para a segunda rodada, mas, assim como Hussein, desistiu antes da conclusão da votação.
A quinta vitória de Blatter representa também a manutenção do grupo político de João Havelange no comando da FIFA. Eleito em 1974, o brasileiro passou o bastão para Blatter em 1998, depois de o suíço ter atuado como secretário-geral da entidade desde 1981.
O pleito de hoje foi marcado por dois outros incidentes. Logo após a pausa para o almoço, a polícia suíça precisou revistar de maneira minuciosa o local onde o congresso da FIFA estava sendo realizado devido a uma ameaça de bomba.
Antes disso, na primeira metade do evento, uma mulher invadiu o palco do evento para protestar, mas foi retirada pelos seguranças. Depois, um grupo de manifestantes palestinos tentou invadir o congresso e foi rapidamente contido pela polícia.
Os palestinos tinham entrado com um recurso pedindo a suspensão de Israel da FIFA por causa causa de uma série de obstáculos impostos pelo país vizinho. A entidade máxima do futebol aprovou durante o congresso a criação de um mecanismo para mediar a crise.
O próximo Congresso Anual da FIFA será realizado na Cidade do México, nos dias 12 e 13 de maio de 2016.
Texto atualizado às 16h16