Brexit: a três semanas do fim do fatídico prazo, as negociações continuam paralisadas (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 18h11.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse nesta quinta-feira (10) que há uma "forte possibilidade" de que fracassem as negociações com a União Europeia em busca de um acordo comercial pós-Brexit, que evitaria uma ruptura brutal em três semanas.
"Existe agora uma forte possibilidade de termos uma solução mais parecida com a relação da Austrália com a UE", ou seja, a ausência de um acordo de livre comércio e a aplicação de tarifas e cotas de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), informou ele às televisões britânicas.
O Reino Unido, que deixou oficialmente a UE em 31 de janeiro, sairá do mercado único e a união aduaneira de forma permanente em 31 de dezembro.
Sem um acordo comercial até essa data, o comércio entre Londres e os 27 países só ocorrerá sob as normas da OMC, o que pode ser um novo golpe às economias já enfraquecidas pelo coronavírus, especialmente a britânica.
Ainda assim, a três semanas do fim do fatídico prazo, as negociações continuam paralisadas.
No final de um longo jantar de trabalho em Bruxelas para tentar desbloquear a situação, Johnson e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reconheceram na quarta-feira suas profundas divergências e se deram até domingo, no máximo, para decidir o destino das negociações.
Nesta quinta, o chanceler britânico Dominic Raab apontou que é "improvável" que os contatos continuem além do fim de semana, embora ele não descarte isso completamente, se a UE mantiver suas posições.
"Não acho que possamos continuar nesse ritmo sem algum progresso e flexibilidade" por parte dos europeus, afirmou Raab à BBC.
O chanceler insistiu em que a UE deve "avançar significativamente" nas questões do acesso europeu às águas pesqueiras britânicas e nas garantias de concorrência exigidas de Londres em troca do livre acesso ao mercado comum europeu, que há meses são grandes obstáculos.
Também destacou que três semanas após o término do período de transição pós-Brexit, chegará o momento de concluir as negociações de uma forma ou de outra.
Apesar de o tempo estar se esgotando, cada uma das partes continua enraizada nos seus posicionamentos iniciais: o Reino Unido insiste em recuperar sua total independência e os europeus em proteger seu mercado único.