Boris Johnson: "Este é um dos maiores problemas políticos em toda a região" (Andrew Matthews / Reuters)
AFP
Publicado em 8 de dezembro de 2016 às 14h27.
Última atualização em 8 de dezembro de 2016 às 14h28.
O ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, acusou a Arábia Saudita e o Irã de fazerem um "teatro de marionetes" e travarem guerras "por procuração", informou o jornal The Guardian nesta quinta-feira, declarações das quais seu governo se desvinculou.
Em uma conferência em Roma na semana passada, Johnson, que no domingo visitará Riad, classificou de tragédia o fato de os políticos usarem a religião para seu benefício político.
Estas duras críticas de um representante do governo britânico a um aliado como a Arábia Saudita são incomuns e foram filmadas e divulgadas no site do Guardian.
"Estas são opiniões do ministro das Relações Exteriores. Não são do governo", declarou um porta-voz do executivo de Theresa May.
Johnson "estará na Arábia Saudita no domingo. Terá a oportunidade de precisar a visão que o Reino Unido tem de sua relação com a Arábia Saudita", acrescentou o porta-voz.
As declarações foram divulgadas justo quando May retorna de uma cúpula no Bahrein na qual prometeu fortalecer os laços com os países do Golfo, incluindo a Arábia, e ajudar a repelir as agressões iranianas.
"Há políticos que retorcem e abusam da religião e das diferentes cepas da mesma religião para fazer seus objetivos políticos avançarem", disse naquela conferência sobre o Mediterrâneo.
"Este é um dos maiores problemas políticos em toda a região. E a tragédia para mim - e por isso existem estas guerras por procuração todo o tempo na zona - é que não há lideranças suficientemente fortes nestes próprios países".
Johnson afirmou que não há líderes suficientemente grandes "para transcender seus grupos xiitas ou sunitas".
"Por isso existem os sauditas, o Irã, todo o mundo, intervindo, fazendo um teatro de marionetes e travando guerras por procuração.