Bento XVI acena para fiéis no Vaticano: devido à situação inédita da renúncia, as normas estão sendo estudadas por especialistas, que podem decidir não destruí-lo (Paolo Cocco/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2013 às 12h14.
Roma - O joalheiro italiano Claudio Franchi não perde a esperança de que o anel papal que criou há quase oito anos para Bento XVI seja conservado, apesar da tradição, que determina que ele seja destruído em 28 de fevereiro, último dia do pontificado de Joseph Ratzinger.
"Espero que guardem e depois exponham o anel. É uma jóia com uma grande carga simbólica", afirmou à AFP Franchi, autor da jóia em ouro maciço que o Papa carrega desde 2005.
O anel do Pescador, entregue em uma cerimônia oficial no início do pontificado, é o símbolo do apóstolo Pedro e costuma ser destruído após a morte do pontífice em uma cerimônia solene pelo cardeal "carmelengo", que é o encarregado de destruir com um martelo o anel papal, junto com o selo oficial de prata do pontífice: atos que simbolizam o fim da autoridade do Papa.
"Será destruído, provavelmente despedaçado", explicou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, poucos dias após a histórica renúncia papal.
Devido à situação inédita, as normas estão sendo estudadas por especialistas, que podem decidir não destruí-lo, segundo espera o mestre ourives da escola romana.
Bento XVI foi o primeiro Papa desde o século XIX que encomendou um anel de Pescador com a imagem incisa do apóstolo Pedro, que lança as redes de pesca no local indicado por Cristo.
Seu antecessor, João Paulo II, utilizava um anel simples de ouro com a cruz.
O anel de Joseph Ratzinger é uma obra de arte única, e tem talhado em latim "Benedictus XVI".
O Papa alemão falou do anel na primeira missa que oficiou por pontífice depois de receber a jóia e o pálio, a insígnia pontifícia que representa o jugo de Cristo, uma estola de lã.
A jóia pesa 1,23 onças (35 gramas) e tem forma elíptica, que lembra a majestosa Praça de São Pedro com as colunas imponentes do século XVII criadas pelo grande artista italiano Gian Lorenzo Bernini.
Para Franchi, não seria a primeira vez que um anel papal é salvo, já que vários estão expostos nos Museus do Vaticano, com o do "antipapa" Clemente VII, que foi eleito em 1378 pelos cardeais franceses que se opunham a Urbano VI, escolhido em Roma.
Para Franchi, proprietário da loja artesanal "Franchi Argentieri", localizada no coração de Roma, a poucos metros do Vaticano, com a fabricação do anel papal para Bento XVI foi reativada a relação entre o papado e os artesãos romanos que deu "magníficos frutos" ao longo da história.
Gostaria de fabricar o anel do futuro Papa? "Adoraria. Mas não depende de mim, realmente", confessa.